Os acordes da sanfona suplantam até o choro por Zé Marcolino na canção ‘Um terço de saudade’, composta em parceria por Alexandre Pé de Serra, Antônio Carneiro e Cicinho Gomes (in memoriam). A música, que está nas plataformas de streaming, é um xote bem marcado pela zabumba e marcante pela sanfona, que fica em destaque nos solos.
Zé Marcolino foi um dos nomes que produziram obras para a voz de Luiz Gonzaga levar ao Brasil. Nasceu em Monteiro (PB) em 1930 e faleceu em Carnaíba, em 1987.
O caboclo Marcolino alimentava o sonho de ver composições que fazia gravadas por Luiz Gonzaga. Morando no cariri da Paraíba, na divisa com Pernambuco, seu talento não ia muito além da região, dificilmente conseguiria chegar ao Rei do Baião, um mito nordestino, independente da moda do baião de ter passado no Sudeste, naquele começo da década de 1960. Zé Marcolino conseguiu ser gravado por Luiz Gonzaga. Mais que isso, fez turnê com ele, e chegou a morar em sua casa, no Rio.
Alexandre
Alexandre Pé de Serra é um nome bastante conhecido no universo do forró de raiz. Compõe e canta, é poeta e divide essa veia artística com a profissão de enfermeiro. É um guerreiro nordestino como tantos e tantas.
Nasceu em João Pessoa, mas foi em Serraria, no Brejo da Paraíba, que fincou raízes. Em composições e cantos, Alexandre envereda por forró, xote, xaxado arrasta-pé, baião e outros generis da autêntica musica popular nordestina.
“Já são 22 anos de carreira musical dedicados ao legítimo forró”, faz questão de afirmar. “Meu matulão discográfico tem 10 CDs e 2 DVDs”. O primeiro DVD foi gravado ao completar 15 anos de carreira, o segundo, é um documentário gravado em Monteiro dentro das festividades do Festival Zabé da Loca, no cariri paraibano.
Como compositor, tem obras suas gravadas por dezenas de artistas do gênero. Participou de alguns festivais por seu estado, na Paraíba e outros estados nordestinos. Sempre enaltecendo o forró e a cultura popular nordestina.
Alexandre Pé de Serra se posiciona como seguidor da obra e pensamento de nomes como Luiz Gonzaga, Kackson do Pandeiro, Dominguinhos e outros dessa geração.
Sua característica principal é a simplicidade, uma marca presente em suas composições e suas apresentações, assim como no trato pessoal. “Prefiro uma maneira tranquila e simples para compor e interpretar”, diz.
(José Carlos dos Anjos Wallach)
