Bailarino campinense quer levar sua arte à Europa

Bailarino campinense quer levar sua arte à Europa

Dança - 16, março, 2018

 

A América do Norte ou a Europa são as opções de caminho para as metas profissionais de Marley Lucena. Nesses mundos bem diferentes do Brasil esse garoto de 22 anos, bailarino filho de Campina Grande, espera encontrar a plenitude da profissão: a dança.

Elé é professor de balé classíco e dança contemporânea no Teatro Municipal Severino Cabral, onde também atua como dançarino profissional no Balé Cidade de Campina Grande, a companhia oficial do teatro. Até chegar aí, Marley acreditou no próprio potencial e partiu para realizar o sonho.

Sua história ele nos contou em entrevista na sede campinense do blog, na manhã da quarta-feira (14), pouco antes de ter mais um dia de aulas e ensaio.

Começou a dar atenção à dança aos 14 anos e foi ajudado pelo ambiente familiar, onde além de apoio teve referências: “Sempre tive tendência forte para a arte. Lá em casa, o meu pai de criação é músico e compositor, Toninho Borbo; meu tio é bailarino, Admilson Maia (fundador da Mah Cia de Dança e hoje na Europa) e minha mãe é jornalista, Valdívia, que também tem habilidade no desenho e artesanato”, revela.

O começo

Marley começou na escola fundamental, onde fazia dança popular: “Havia mês que trabalhávamos o frevo, outro que fazíamos o forró…”, lembra. Depois, ele conheceu o balé clássico numa escola em outro bairro e passou a dedicar-se aos dois estilos.

Já estava totalmente inclinado a seguir na dança quando ocorreu o fato que o pôs definitivamente nesse caminho. Dois jovens dançarinos da Escola do Balé Bolshoi estiveram em Campina e visitaram várias escolas, entre elas a de Marley, que ali tomou ciência de que havia no Brasil uma filial do balé russo, o mais tradicional do mundo.

“Fiquei sabendo que a dança pode ser uma profissão”, conta Marley que, a partir daí já não tinha mais dúvidas. Passou a se dedicar em tempo integral à atividade – dança popular num horário e clássica no outro. “Fazia aula até nas outras turmas para preencher toda a semana. Quando vi que queria essa carreira, entrei no site da escola Bolshoi e fiquei sabendo que haveria uma pré-seletiva por vídeo”.

Marley gravou uma aula de balé e enviou o filme à escola Bolshoi, em Santa Catarina. Um mês depois foi convidado para a fase nacional e presencial da seletiva.

“Fiquei muito feliz, mas também com medo. Um adolescente sair daqui para o Sul, arcar com despesas. E se não desse certo…?”. O jovem enfrentou concorrência próxima de 200 para cada vaga oferecida – estimativa feita pela própria escola. O resultado veio em uma semana.

No Bolshoi

Por dois dias, o garoto campinense passou por testes. Na primeira etapa foram checagens médicas e depois artísticas e técnicas. Essa seletiva ocorreu em outubro de 2011 e as aulas começaram em fevereiro do ano seguinte.

Marley Lucena ficou como aluno da Escola do Balé Bolshoi até o final de 2015, quando se formou. Permaneceu lá em 2016, mas agora como profissional contratado na companhia jovem, tendo se apresentado em várias cidades brasileiras.

Reconhecimento

O esforço foi recompensado com o reconhecimento que obteve na terra natal. Ao chegar, após quatro anos no sul do país, Marley passou a dar aulas de balé clássico e dança contemporânea no Teatro Municipal e a integrar o Balé Cidade de Campina Grande.

“É uma rotina bem puxada”, diz sem se lamentar. Suas atividades no teatro começam no princípio da tarde e vão até às 21h.

Projetos

No teatro, Marley está à frente do projeto ‘Homens na dança’, onde tem alunos de 15 a 32 anos. Segundo ele, alguns dos mais jovens querem seguir carreira na dança, enquanto os mais velhos estão lá para realizarem um sonho. “Minha missão é nivelar tecnicamente todos eles e montar uma apresentação no final do ano, quando termina o curso”, explica.

Os projetos de Marley não pararam por aí. Ele quer conhecer o mundo da dança, literalmente. Afirma que a grande curiosidade agora é ver in loco como é essa carreira em outros países. De preferência na América do Norte – “tenho muita curiosidade sobre o Canadá, um país bem estruturado e aberto à arte” – ou Europa – “a Alemanha tem muitas companhias de danças”.

Como qualquer outro jovem hoje em dia, Marley é ‘plugado’. Está sempre se informando e, como todos, usa a internet para se manter atualizado sobre o que acontece em grandes centros da dança: “Estou me preparando muito para qualquer oportunidade que surgir lá fora”, afirma.

(Entrevista a José Carlos dos Anjos e Snides Caldas)

Veja também no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=jxq-U2A0ULo&t=269s