Os lugares onde há vestígios de ações ou passagem do cangaço são o objeto do trabalho de pesquisa da professora Luma Holanda, que foi uma das palestrantes convidadas pelo Simpósio Cariri Cangaço Serra da Borborema, realizado em Campina Grande no mês abril.
Autora do livro ‘Lugares de memória do cangaço: recortes geo-históricos do sertão nordestino’, a professora levou o conteúdo dos seus estudos para expor durante o evento, que reuniu estudiosos, pesquisadores e entusiastas do tema (link do vídeo abaixo).
As discussões em Campina Grande destacaram a passagem pela cidade do cangaceiro pernambucano Antônio Silvino, que após anos de prisão, morou com na casa de um irmão e foi sepultado no cemitério local.
“Enfatizei os possíveis locais de vivência de Antônio Silvino, analisando qual destes locais poderá ser cientificamente consolidado como um ‘lugar de memória’ desse cangaceiro no próximo Cariri Cangaço em Campina, que será realizado em novembro. Então naquele momento apresentei alguns locais por onde ele viveu e mostrei cientificamente que os mais prováveis dentro da classificação analisada teórica e presencialmente, seriam a casa da prima onde ele morreu e o local onde possivelmente ele foi enterrado”, disse.
Os participantes do evento visitaram pontos de Campina Grande que representariam a presença de Antônio Silvino (link do vídeo abaixo). Esses pontos, que devem ser apresentados oficialmente em novembro como lugares de memória do cangaceiro, são o jazigo onde foi sepultado (no cemitério do Monte Santo) e a casa onde viveu na fase final de sua vida, com a prima Teodulina Cavalcante, na Rua Arrojado Lisboa, no bairro do Monte Santo.
“Como o movimento Cariri Cangaço possui o cunho histórico-científico, estamos tentando em cada cidade por onde o evento passar, localizar vestígios do cangaço, ou de coronelismo e messianismo, analisar, estudar e consolidar o que possivelmente poderá ser um ‘Lugar de Memória’ em termos científicos. Por isso minha dissertação é sobre Lugares de Memória de qualquer história dessas”, explica a professora Luma Holanda.
Na verdade, a pesquisa da professora enfoca a vida do cangaceiro Jesuíno Brilhante, mas o viés de sua investigação favoreceu a abordagem sobre Antônio Silvino, o que foi suficiente para explanação durante o simpósio.
Luma Holanda é membro da Sociedade Brasileira dos Estudos do Cangaço (SBEC) e conselheira do Cariri Cangaço, um evento itinerante de cunho turístico-cultural, histórico e científico. É escritora e pesquisadora em testemunhos e vestígios do cangaço.
Na Universidade Federal da Paraíba, foi pedagoga, psicopedagoga e mestra em Geografia em ‘Lugares de Memória do Cangaço’. Escreveu mais dois livros: ‘Histórias do Baú da Vovó’ e ‘Nas Trilhas do Cangaço de Jesuíno Brilhante’.
Sobre Antônio Silvino
· Nasceu em 1875, filho de Pedro Baptista de Morais e Balbina Pereira de Morais, com o nome de Manoel Baptista de Morais.
· Apelidado de Batistinha ou Nezinho, inicia-se no cangaço em 1896, juntamente ao irmão Zeferino, após o assassinato do pai, fazendeiro ‘Batistão do Pajeú’.
· Adota o nome de guerra de Antônio Silvino, em homenagem ao tio, Silvino Aires Cavalcanti de Albuquerque, cangaceiro que acolheu o sobrinho após o assassinato do pai em conflito por terras. Por outros, é apelidado de ‘Rifle de Ouro’.
· Sua vida de banditismo acabou em 1914, num ataque nas proximidades de Taquaritinga, no agreste de Pernambuco, quando o alferes Teófanes Torres — durante a administração do estado pelo general Dantas Barreto – conseguiu capturá-lo e levá-lo à prisão.
· Após 23 anos, dois meses e 18 dias de prisão, em Recife, passou a viver uma vida tranquila, distanciado da rotina de cangaceiro da qual obteve fama.
· Passou a morar em Campina Grande, junto com a prima numa casa de campo, até que morreu em 1944.
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(Da Redação | Fotos: Festar Imagem)
