“Cerveja artesanal é paixão, mas requer profissionalização”

“Cerveja artesanal é paixão, mas requer profissionalização”

Eventos - 24, outubro, 2019

 

Os produtores de cerveja artesanal são conhecidos por serem bastante apaixonados pela bebida. Entretanto, somente a paixão não garante a sustentabilidade do negócio e, por isso, é importante buscar a profissionalização.

Para tratar desse tema, o Sebrae Paraíba trouxe especialistas nacionais que ministraram palestras durante o Festival Experimenta – Edição Cerveja Artesanal, ocorrido em parceria com o Mangabeira Shopping.

O evento foi o primeiro a reunir, no mesmo espaço, conhecimento técnico, cervejas produzidas no estado e atrações musicais.

Para o diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Alberto Nascimento, que proferiu palestra com o tema “Cerveja artesanal independente – mercado, desafios e oportunidades”, o mercado é promissor e apresenta bom crescimento, mas apresenta particularidades que exigem do empreendedor um bom planejamento estratégico. “Desafios como carga tributária elevada, custo de frete e de insumos fazem com que a paixão que move o cervejeiro tenha de estar aliada a um estudo e bom modelo de negócios para ter viabilidade e saúde financeira”, afirmou, acrescentando que os festivais são a melhor maneira de formar a cultura de consumo de cerveja artesanal.

Com a temática “Cerveja: do hobby à profissionalização”, a engenheira química e especialista em Biotecnologia e Bioprocessos, Chiara Barros, afirmou, durante palestra, que a paixão pelo hobby é importante porque desperta a vontade de mudar e de produzir algo que faça a diferença.

“Porém, ela precisa ser acompanhada da profissionalização. A transição da panela para as tinas e tanques necessita de estudo, tanto do processo quanto do negócio”, avaliou. Além disso, a especialista destacou a informação, com a busca por cursos, visitas e palestras, além da montagem de um plano de negócios consistente como cuidados a se ter antes de abrir um negócio no mercado de cerveja artesanal. “O maior erro cometido hoje em dia é achar que o hobby pode virar um negócio sem uma análise prévia do negócio e sem planejamento”, frisou.

Para o gerente da agência Sul do Sebrae Paraíba, Cláudio Soares, o evento foi uma ótima oportunidade para aproximar a instituição do público de cervejeiros locais, além de mostrar as possibilidades de desenvolvimento do setor no estado.

“É um segmento novo e que tem crescido bastante. O potencial de expansão existe, mas a fatia de mercado que ainda precisa alcançar é grande, o que gera oportunidades de atuação para o Sebrae, com a realização de ações em áreas como gestão financeira, de marketing e de inovação”, afirmou, destacando a oferta de palestras, incluindo a participação da Abracerva, como importantes para fomentar ainda mais o segmento.

Carga Tributária é desafio

Para os cervejeiros, o principal desafio do mercado artesanal é a alta tributação, seja nos insumos ou equipamentos utilizados para produzir a cerveja. Registrada há um ano e meio no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a cervejaria paraibana Maledita consegue produzir, mensalmente, 400 litros do produto.

“O que mais impossibilita o crescimento são os impostos. Outro desafio é criar a cultura de consumo da cerveja artesanal, por isso festivais como este são importantes para divulgar o produto. O apoio do Sebrae também é fundamental para empreender”, destacou Alexandre Guedes, um dos sócios da cervejaria.

O empreendedor Edson Freitas, da cervejaria pernambucana Babylon, explicou que está há três anos e meio no mercado e consegue produzir, em média, 50 mil litros de cerveja divididos em quatro estilos.

“Temos inúmeros desafios e a carga tributária talvez seja o maior problema de qualquer pequena cervejaria. As grandes empresas têm isenção e conseguem chegar nos pontos de venda com preços competitivos. A mão de obra é outro ponto que a maior parte dos empreendedores do país tem dificuldade. Porém, conseguimos superar os desafios e, com a participação em festivais, divulgar e fortalecer a cultura da cerveja artesanal”, afirmou. Atualmente, a cervejaria emprega, direta e indiretamente, 30 pessoas.

 

(Da assessoria do Sebrae)