Conteúdo da revista eletrônica ‘Ritmo Melodia’ vai parar em livros

Conteúdo da revista eletrônica ‘Ritmo Melodia’ vai parar em livros

Música - 5, outubro, 2021

‘São Paulo é forró do gogó ao mocotó’ traz um apanhado dos forrozeiros de grande parte do país. Embora destinado a atender ao 1º Edital de Fomento ao Forró, aberto pela prefeitura de São Paulo, e por isso limitado aqueles artistas que residem ou tiveram sua carreira fixada na capital paulista, o livro – o primeiro de quatro – conseguiu juntar em suas 227 páginas (antes seriam 300), uma certa representatividade nacional do ritmo.

O que tem no livro é uma pequena parte do imenso conteúdo de mil entrevistas realizadas e publicadas ao longo de 20 anos pela revista online ‘Ritmo Melodia’, do jornalista paraibano Antônio Carlos da Fonseca Barbosa, que reside em São Paulo desde o ano 2000.

O livro foi lançado no dia 25 de setembro último, pela Giostri Editora, contendo 28 entrevistas

O edital paulista acabou funcionando como um empurrão definitivo para que Antônio Carlos enverede pela literatura: “Muitos amigos da área jornalística já me questionavam sobre a possibilidade de usar o conteúdo da revista eletrônica na formatação de livros. O edital veio para estimular isso. Será, ao mesmo tempo, um meio de colocar no papel esse acervo de informações e uma maneira de monetizar o trabalho”, explica.

‘O forró do gogó ao mocotó’ terá uma tiragem de 200 exemplares para atender o edital. Esses livros serão distribuídos pela Prefeitura de São Paulo com escolas e bibliotecas. Segundo o autor, o livro só será vendido numa fase posterior, quando conseguir apoio privado para colocá-lo em venda aberta.

“Lá na frente, quem sabe, farei um livro de autor. Aí sim, fazendo minhas considerações sobre a música”

“Ainda não é o escritor Antônio Carlos”

Antônio explica, também, que o livro não o transporta à condição de escritor, já que o conteúdo será apenas a transcrição das entrevistas em formato ping-pong (pergunta-resposta), que é uma característica da revista eletrônica.

“Não posso me considerar escritor, nem farei isso. Até porque não haverá nesse livro minhas análises ou visões, intervenções do autor sobre as informações coletadas. O único trabalho de copy nessas entrevista é aquele para corrigir impropriedades ou lacunas no discurso, seguindo o contexto e obedecendo o que disse o entrevistado. É o lugar de fala do entrevistado”, revela Antônio Carlos.

Ele afirma que o pouco tempo para montar e apresentar um projeto ao edital o fez decidir manter no livro o formato das entrevistas na revista. E deve seguir a fórmula em outros três livros: um sobre as mulheres no forró, um sobre acordeonistas e outro sobre os nomes que são considerados refências do forró.

Os dois primeiros já têm títulos: ‘Flores de Mandacaru’ e ‘Respeite meu fole’.

“Aí, depois de colocadas essas entrevistas em livros, chegaremos sim a escrever livro de autor, com minhas considerações, minha visão sobre o mundo artístico da música e impressões que tenho tirado desse trabalho de ouvir sobre a vida dos artistas, seus dramas, suas glórias e seu produto artístico”, prevê Antônio Carlos.

“Ninguém poderá precisar um ponto físico nessa discussão; o forró é do Brasil”

De onde é o forró?

Quem não gostaria de ter essa resposta de maneira definitiva em sem rodeios, sem chances para argumentos os mais variados? Por enquanto, ficamos como a afirmativa de que o forró é genuinamente brasileiro e tem no Nordeste seu maior público. Será?

Nas pesquisas sobre as próprias entrevistas, Antônio Carlos acabou por descobrir alguns dados surpreendentes: o Nordeste é o maior berço de forrozeiros, mas São Paulo é hoje tida como a Capital do Forró por causa dos ícones de todo o país que por lá fizeram morada durante décadas no decorrer de suas carreiras, gente como Antonio e Cecéu, Dominguinhos e outros. Foi também lá que se instalou o Forró do Pedro Sertanejo, casa de tantos nordestinos forrozeiros.

Em onde há mais artistas forrozeiros? De acordo com os registros da ‘Ritmo Melodia’, se levarmos em conta o local de nascimento, Pernambuco fica em primeiro lugar e a Paraíba em segundo.

Informações desse tipo são geradas em um banco de dados, um recurso importante para preservação da informação em todos os setores. E é exatamente isso que representa a revista de Antônio Carlos.

“Somos o maior banco de dados da música brasileira”

A ‘Ritmo e Melodia’

Criada em 2001, a revista já completou mil entrevistas, número que deve ser ultrapassado até o final deste ano de 2021. São artistas e pesquisadores que se dispuseram a responder, em média, 30 perguntas sobre sua vida, obra e carreira.

“Nós não temos nicho específico, entrevistamos músicos de todos os ritmos. A revista é hoje banco de pautas e de informações para todos, inclusive os próprios jornalistas, que podem encontrar nela informações cruas, sem angulações. Pergunta e resposta. Somos o maior banco de dados da música brasileira, não tenho modéstia quanto a isso”, afirma Antônio Carlos.

Dominguinhos, Sivuca, Marinês, Luizinho Calixto, Alcymar Monteiro, Osvaldinho do Acordeon, Flávio José, João Gonçalves, Del Feliz, Aldemário Coelho, Nando Cordel, Gilberto Gil, Yamandu Costa e Arrigo Barnabé estão entre os artistas que estão no acervo.

(*) O conteúdo deste texto estará em vídeo que o blog está editado para veiculação no canal Festar TV, no YouTube. A entrevista foi realizada em casa de veraneio, na praia de Jacumã (Conde-PB), onde Antônio Carlos e família estiveram em alguns dias do mês de agosto.

Por José Carlos dos Anjos Wallach