O objetivo inicial seria apenas levar aos novos – estudantes de escolas públicas e privadas – mais informações sobre o forró, posicionando-o historicamente no contexto musical, mostrando seus instrumentos e relacionando artistas em cada uma das épocas. Mas, despretensiosamente, a cartilha ‘O que é forró’ deixa de lado as polêmicas e constrói uma maneira nova de discutir origens e os caminhos que têm sido traçados ao longo da história desse ritmo em pouco mais de sete décadas.
De autoria do músico e produtor Alessandro dos Santos Silva e do pesquisador e produtor de eventos Ivan Dias, a publicação será lançada no dia 22 deste mês, por ocasião do Fórum #SOS Forró, em Campina Grande, evento que promete manter uma tribuna permanente para discutir o futuro e a sustentabilidade desse ritmo musical.
“A ideia da cartilha surgiu durante turnê que fizemos na Europa, onde realizamos oficinas sobre o forró”, lembra Sandrinho Dupan, como é conhecido o músico no meio artístico. Escritor e coordenador da mostra de música do Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP, o Museu dos Três Pandeiros), de Campina Grande, ele e Ivan integraram a turnê europeia de outro campinense, Roninho do Acordeon, no final de 2016, quando tocaram e ministraram aulas sobre o forró em cidades da Alemanha, Suíça e Itália.
Foram 30 dias por lá, o que deu à dupla bagagem para amadurecer a ideia e produzir a cartilha, que acabou sendo imprensa pela editora da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
Os ciclos do forró
No conteúdo, os autores discorrem sobre a história do forró e seus ciclos, reproduzem partituras para zabumba (que colocam como instrumento símbolo do ritmo) e desmistificam a origem do termo ‘forró’.
“Nós dividimos a história em quatro ciclos: o forró tradicional (nos anos 40 a 70); o forró MPB (dos anos 80, com Elba, Zé Ramalho, Alceu Valença e outros; o forró eletrônico (anos 90), com Mastruz com Leite e outras bandas do gênero; e o forró universitário (anos 2000)”, explica Sandrinho Dupan.
Sua intenção inicial foi de reunir e difundir conhecimento pedagógico a respeito do forró. Mas, à medida que foi reunindo essas informações, foi estabelecendo diferenciações e temporizando transformações que o ritmo ganhou ao longo do tempo.
Nessa viagem em que se permitiu verificar com mais atenção tais mudanças, Sandrinho e o parceiro Ivan Dias encontraram mais argumentos que fundamentam uma máxima: “O gosto é um conceito pessoal”. A frase do próprio Dupan soa como fator apaziguador nas atuais discussões.
Nas escolas
Sandrinho Dupan espera que muito brevemente as 32 páginas da cartilha estejam sendo folheadas em salas de aula: “É a nossa cultura que está sendo replicada. O conhecimento que está na cartilha não pode ficar simplesmente na estante”.
(José Carlos dos Anjos Wallach)