Em cartilha, pesquisadores mostram ‘O que é forró’

Em cartilha, pesquisadores mostram ‘O que é forró’

Literatura - 15, setembro, 2017

 

O objetivo inicial seria apenas levar aos novos – estudantes de escolas públicas e privadas – mais informações sobre o forró, posicionando-o historicamente no contexto musical, mostrando seus instrumentos e relacionando artistas em cada uma das épocas. Mas, despretensiosamente, a cartilha ‘O que é forró’ deixa de lado as polêmicas e constrói uma maneira nova de discutir origens e os caminhos que têm sido traçados ao longo da história desse ritmo em pouco mais de sete décadas.

Sandrinho Dupan: “Conhecimento não pode ficar na prateleira”

De autoria do músico e produtor Alessandro dos Santos Silva e do pesquisador e produtor de eventos Ivan Dias, a publicação será lançada no dia 22 deste mês, por ocasião do Fórum #SOS Forró, em Campina Grande, evento que promete manter uma tribuna permanente para discutir o futuro e a sustentabilidade desse ritmo musical.

“A ideia da cartilha surgiu durante turnê que fizemos na Europa, onde realizamos oficinas sobre o forró”, lembra Sandrinho Dupan, como é conhecido o músico no meio artístico. Escritor e coordenador da mostra de música do Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP, o Museu dos Três Pandeiros), de Campina Grande, ele e Ivan integraram a turnê europeia de outro campinense, Roninho do Acordeon, no final de 2016, quando tocaram e ministraram aulas sobre o forró em cidades da Alemanha, Suíça e Itália.

Foram 30 dias por lá, o que deu à dupla bagagem para amadurecer a ideia e produzir a cartilha, que acabou sendo imprensa pela editora da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

Os ciclos do forró

No conteúdo, os autores discorrem sobre a história do forró e seus ciclos, reproduzem partituras para zabumba (que colocam como instrumento símbolo do ritmo) e desmistificam a origem do termo ‘forró’.

“Nós dividimos a história em quatro ciclos: o forró tradicional (nos anos 40 a 70); o forró MPB (dos anos 80, com Elba, Zé Ramalho, Alceu Valença e outros; o forró eletrônico (anos 90), com Mastruz com Leite e outras bandas do gênero; e o forró universitário (anos 2000)”, explica Sandrinho Dupan.

Sua intenção inicial foi de reunir e difundir conhecimento pedagógico a respeito do forró. Mas, à medida que foi reunindo essas informações, foi estabelecendo diferenciações e temporizando transformações que o ritmo ganhou ao longo do tempo.

Nessa viagem em que se permitiu verificar com mais atenção tais mudanças, Sandrinho e o parceiro Ivan Dias encontraram mais argumentos que fundamentam uma máxima: “O gosto é um conceito pessoal”. A frase do próprio Dupan soa como fator apaziguador nas atuais discussões.

Edição desta sexta-feira do Jornal Correio da Paraíba também divulga o lançamento da cartilha no #SOSFORRÓ

Nas escolas

Sandrinho Dupan espera que muito brevemente as 32 páginas da cartilha estejam sendo folheadas em salas de aula: “É a nossa cultura que está sendo replicada. O conhecimento que está na cartilha não pode ficar simplesmente na estante”.

 

(José Carlos dos Anjos Wallach)