Artistas da Paraíba e de outros Estados nordestinos estarão em Campina Grande no sábado (26) nas discussões dos fóruns nacionais do Forró de Raiz e Rota do Forró. Na pauta, o destaque é a defesa do mercado de trabalho do forrozeiro, direitos autorais e busca de mecanismos que revertam a descaracterização das festas juninas, onde tem sido reduzido a cada ano o espaço do forró genuíno.
Segundo informou o coordenador desses fóruns em Campina Grande, Alfranque Amaral da Silva, há cerca de dois meses, artistas forrozeiros têm se empenhado na mobilização em torno dessas discussões, fazendo convocatórias pelas redes sociais.
“Como dissemos desde o início desse momento, a união dos artistas é fundamental. São eles que têm que lutar pela manutenção desse ritmo, tanto como proteção da cultura, como pela preservação do seu mercado de trabalho”, diz Alfranque.
Os temas
Um dos pontos na pauta de debate diz respeito à judicilaização dos direitos autorais. Os artistas devem discutir os processos judiciais que reivindicam pagamento de direitos autorais ao Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad). Os artistas reclamam de anos de inadimplência, sobretudo do poder público.
Outro assunto que deve entrar nos debates são os editais para contratação de artistas e atrações em geral. A classe artística reclama que os editais abertos por prefeituras e outros órgãos públicos destinados a eventos culturais desrespeitam a leis que regem tais contratações.
Por causa disso, por ilustração, a prefeitura de Campina Grande está respondendo a uma Ação Popular impetrada pelo advogado Ricardo Bezerra, um dos participantes do fórum. Ainda serão discutidas as ações judiciais sofridas pela prefeitura de Campina Grande por parte de músicos para cobranças judiciais de cachês;
Piso e descaracterização
Os artistas devem iniciar uma nova etapa de negociações para equiparar o cachê pago aos artistas no ‘Maior São João do Mundo’. O valor mínimo estabelecido pelo fórum nacional é de R$ 3 mil e, embora em vigor há anos em cidades como João Pessoa e Recife, não é respeitado por Campina Grande, que paga R$ 500 aos trios de forró.
Outro ponto importante que sempre estimula discussões acaloradas é o conteúdos das festas juninas. Artistas defensores do ritmo nordestino perderam mais da metade dos grandes palcos das festas juninas no Nordeste, porque a prefeituras contratam artistas do ritmo sertanejo, uma invasão que realmente enfraqueceu a cultura do São João como se conhece na região.
A respeito disso, a Prefeitura de Campina, que faz o ‘Maior São João do Mundo’, também responde a uma ação popular. O argumento central é que os grandes cachês são pagos a atrações cujo conteúdo não tem a ver com a festa local.
Profissionalização
Um dos temas mais importantes aos artistas forrozeiros é a decisão tomada no final de setembro deste ano pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o critério central de contratação de artistas pela administração pública. A partir de agora, a contratação só será possível se o artista for profissional, o que implica que será necessário pertencer à Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) ou a algum sindicato dos músicos ou entidade representativa da classe.
Convite amplo
O coordenador dos fóruns em Campina, Alfranque Amaral, disse que despachou convites para obter uma presença mais diversificada possível. “Contamos com vossa presença, ou de um representante. Precisamos definir uma política de sustentabilidade dessa cultura que julgamos ser a mais rica do mundo”, diz o texto do convite destinado aos artistas, autoridades, entidades privadas e políticos – senadores, deputados, vereadores.
Serviço:
26/10 | 8h às 13h | Vila do Artesão | Campina Grande-PB
(Da Redação)
