Habilidade e musicalidade nos dedos de Baixinho do Pandeiro

Habilidade e musicalidade nos dedos de Baixinho do Pandeiro

Música - 18, março, 2018

 

“O povo achava que eu era da família de Jackson” / Foto: Snides Caldas – Festar

Ele é filho de Remígio, mas saiu de lá com cinco anos de idade. A família foi morar em Esperança, onde ele conheceu amigos como Diomedes, Chicó e Severino Medeiros, este último o mestre sanfoneiro que ensinou a gerações a arte da sanfona.

“Muita gente achava que eu era da família da Jackson. Uma honra pra mim, mas sempre dizia que não, não tinha nada a ver uma coisa com a outra”. Este é José Pedro Fernandes, ou Baixinho do Pandeiro, como é conhecido nas ruas e palcos do Brejo, de Campina Grande e nas barraquinhas e quiosques das praias de Cabo Branco e Tambaú, em João Pessoa.

Sua arte está na habilidade com que toca o pandeiro nos sambas, cocos, forrós, emboladas. E começou cedo, por volta dos 12 anos, vendo as antigas rodas de samba lá em Areia.

“Toquei muito nas rodas de samba em Esperança” / Foto: Snides Caldas – Festar

“Aprendi observando Luiz Totozinho tocar. Ele fazia malabarismos com o pandeiro”, lembra Baixinho, hoje com 77 anos.

Gostava de ver como os músicos tocavam e curtia o som do instrumento. O interesse era tanto que um certo dia pegou uma lata de goiabada vazia que estava no lixo e improvisou um pandeiro. “Ainda tenho esse pandeiro de lata lá em casa”, diz. Baixinho conversou com o blog no box da Gibão de Cor, loja de artesanato em couro do artista e amigo Roosevelt Fernandes, na Vila do Artesão, em Campina.

Levou um bom tempo até os dedos de José Pedro deslisarem por um pandeiro de verdade. Ele tinha 15 anos quando conheceu o pandeiro paulista, a quem chama de ‘pé de couro’. Passou então a tocar também em festas e casamentos em Esperança.

O primeiro convite foi para tocar num casamento em um sítio. “Comecei a tocar depois do almoço e só parei de noite. O punho ficou inchado”, lembra.

“Achei meu primeiro pandeiro no lixo; era uma lata de goiabada vazia” / Foto: Snides Caldas – Festar

Chegada a Campina

Uma década mais tarde, quando tinha 25 anos, Baixinho chega a Campina Grande. Foi quando obteve maior notoriedade e tocou com artistas graduados. Lembra de parceria nos palcos com Diomedes Bezerra, Geraldo Correia, Zé Calixto, Pedro Beicinho, Chicó e Elino Julião.

O último grande artista com quem se apresentou foi Dominguinhos, em shows no Maior São João do Mundo, num evento na Federação das Indústrias do Estado da Paraíba e no Ponto de Cem Réis, este último em João Pessoa. Há dois anos, também esteve no palco na abertura do São João de Campina ao lado de Biliu de Campina.

Embora se associe muito seu nome ao forró, Baixinho diz que sempre preferiu tocar samba. No ano passado gravou o DVD ‘Pandeiro no Samba’, onde também executa cocos, três deles do mestre Jackson do Pandeiro.

Atualmente, atua pouco em Campina Grande: “Me apresento mais em João Pessoa”, revela. Baixinho pode ser visto nos quiosques à beira-mar, sobretudo nos finais de semana. “Eles me chamam pra tocar, e eu participo”.

Simplicidade e humildade são marcantes nesse artista, que chega aos 78 anos no dia 20 de maio. Fomos convidados para a festa e, claro, não faltaremos.

(Entrevista a José Carlos dos Anjos Wallach e Snides Caldas)