Kunumi diz que faz “música de rezo” em ‘Jaguatá Tenondé’

Kunumi diz que faz “música de rezo” em ‘Jaguatá Tenondé’

Música - 7, maio, 2021

‘Jaguatá Tenondé’ é o novo single de Kunumi MC, com lançamento do selo Let’s Gig em parceria com a Altafonte. A música traz o artista guarani de uma forma diferente do que é conhecido: ao invés de mergulhar nas rimas do RAP, ele agora lança o que denomina como música de rezo e, junto com a faixa que entrou nas plataformas de streaming, divulga um videoclipe dirigido pela artista visual Dejumatos, realizado pelo Festival m-v-f reloaded.

(Pará Reté, Kunumi MC e Maitê Ará, acima / Foto: Igor de Paula – divulgação)

Além disso, ele estreia no universo dos NFTS em parceria com Dejumatos, m-v-f-, hic et nunc, homeostasis lab e Let’s Gig e anuncia o início do processo de mudança de nome: Kunumi MC vai ser, em breve, Owerá.

Em Jaguatá Tenondé, Kunumi traz um estilo tradicional guarani. “Com essa música eu apresento um pouco mais da minha cultura para a sociedade. Nossa forma de cantar, de tocar os instrumentos, nossa língua e nosso modo de pensar”.

Na letra, ele fala sobre libertação e o poder de Nhanderu, que está sempre em todo lugar e que ilumina o caminho para que todos possam seguir em frente, vencendo as dificuldades. É uma música de cura espiritual como ele mesmo classifica, “nas cerimônias de ayahuasca, músicas como Jaguatá Tenondé nos dão força e nos fazem conectar de forma mais profunda com a nossa espiritualidade”, diz.

Produzida e composta pelo artista indígena, a canção traz ele no violão tocando acordes característicos das canções tradicionais da etnia mbyá guarani, e conta com sua companheira, Para Reté e Maitê Ará na voz, além de Naara Yakecan na percussão. Rod Krieger adicionou elementos orquestrais e, junto com Jander Antunes, que fez a captação, mix e master do áudio, assina a co-produção da canção.

Clipe

A animação digital teve a direção da artista visual Dejumatos e foi possível através do m-v-f reloaded, festival online promovido pela Cinnamon, que aconteceu do dia 27 a 29, de abril. Foi apresentado um set de criações visuais de três músicas de Kunumi, que pode ser assistido aqui.

As faixas escolhidas, além de Jaguatá Tendondé, foram Moradia de Deus, lançada ano passado em parceria com o Instituto Moreira Salles, e Demarcação Já – Terra Ar Mar, canção que conta com a participação de Criolo, divulgada em 2019 pela Matilha Cultural. “Quem fez a conexão entre eu e Kunumi foi a Lia Vissoto, idealizadora do festival. Assim que eu disse pra ela que meu propósito é trabalhar com processos de cura através da tecnologia, ela me falou do Kunumi e me encantei na hora”, relata Dejumatos.

A parceria com o m-v-f reloaded ainda promoveu uma ação inédita para Kunumi: uma série de artes NFT extraídas do clipe estão disponíveis na plataforma brasileira Hic et Nunc, via m-v-f-,  que trabalha com a moeda Tezos, a qual é baseada em PoS, diferente da maioria, baseadas em Etherium. Isso faz com que o processo demande menos energia, tornando a ação sustentável, o que faz sentido para Kunumi: “Meu propósito maior é a defesa da natureza, por isso tenho preocupação quanto a isso. Sempre vou preservar as minhas tradições e, de certa forma, entendo que a tecnologia pode ser uma grande aliada para fazer com que a minha cultura seja mais respeitada e conhecida pelo mundo todo. O que eu puder fazer para ampliar a voz do meu povo, eu vou fazer”.

Kunumi conta também que com o dinheiro arrecadado das vendas dos NFTS ele vai ajudar a sua comunidade e ainda revela o desejo de construir um espaço cultural na Aldeia Krukutu, onde vive, localizada na cidade de São Paulo: “Tenho um sonho de fazer um estúdio sustentável na aldeia para produzir artistas indígenas, além disso, nesse lugar gostaria que tivesse também uma biblioteca com livros de escritores indígenas, como o meu pai, Olívio Jekupé, e tantos outros. Mas não sei se com o que for arrecadado seria possível, talvez para dar início no projeto, sim”.

Como produtos, os NFTS criados vão desde Gifs a prints dos vídeos (acesse aqui), todos também desenvolvidos por Dejumatos que comenta: “Trabalhei em um ritmo intenso durante dias a fio. Mas sinto que valeu a pena. Realmente, como artista visual ter a oportunidade de trabalhar com alguém que representa tantas coisas profundas, me deixou muito feliz. E fazer o meu pontapé inicial no universo dos NFTS com esse trabalho é uma grande realização”.

Owerá

Kunumi aproveita para anunciar também que está em um processo de mudança de nome: “Já não me identifico como Kunumi, que em guarani significa jovem, criança. O meu nome, mesmo, dado pelo Xamoin, é Werá, que vem de Owerá, e significa raio. Acho Owerá mais forte e me sinto representado. Até mesmo para ampliar as minhas possibilidades de produção musical. Eu sou um rapper, sempre serei. Mas também sou cantor de músicas sagradas. Quando decidi me nomear como Kunumi, não tinha muita noção de tudo o que poderia acontecer. E hoje eu entendo melhor, sei que a minha estrada ainda é longa e, pra mim, é importante eu me sentir feliz com o nome que carregarei durante tanto tempo”.

Quando essa mudança será consolidada, ele ainda não definiu, pois precisa, também, de um tempo para o público ir entendendo, além de resolver questões burocráticas, e conseguir fazer essa transição de forma suave.

Ficha técnica

‘Jaguatá Tenondé’ é uma canção autoral de Kunumi MC – lançamento Let’s Gig com distribuição da Altafonte.

Videoclipe realizado por m-v-f- reloaded 2021 – www.musicvideofestival.com.br

Música

Kunumi MC: voz, violão e produção

Kamila Para Reté: voz

Maitê Ará da Silva: voz

Naara Yakecan: percussão

Rod Krieger:  orquestra e co-produção

Jander Antunes: captação, mixagem, masterização e co-produção

Léo Sandi: design

Foto: Pará Reté

Clipe

Dejumatos: roteiro, direção, animação e finalização

Rosa Laura: pinturas corporais digitais:

Dejumatos, Kunumi MC, Lia Vissoto e Café8: concepção do filme

Acesse o NFT no Hic et Nunc por m-v-f- reloaded aqui

Letra

Jaguatá Tendodé (tradução)

Javy’a

Só alegria

Ompamba’e ramõ jepé

Mesmo na dificuldade

Jaguatá tenondé

Vamos seguir adiante

Nhanderu ete omoexanakã tapé porã

Nhanderu que iluminou um belo caminho

Jaguatá tenondé, jupivé jaguatá tenondé

Vamos seguir adiante, todos nós, vamos seguir adiante

Kunumi MC

Conhecido mundialmente por ter levantado a faixa DEMARCAÇÃO JÁ na abertura da Copa do Mundo de 2014, Werá Jeguaka Mirim tem 20 anos e dois discos já lançados: o EP de estreia, My Blood is Red (2017) e o álbum Todo Dia É Dia de Índio (2018).

Além de rapper, ele também é escritor e tem dois livros publicados – um com o irmão, Tupã Mirin, chamado Contos dos Curumins Guaranis e outro que ele escreveu sozinho, Kunumi Guarani. Vale destacar também o livro Kunumi MC – O Guerreiro da Copa, escrito pelo seu pai, Olivio Jekupé, que foi lançado neste mês de Abril e conta a saga de Kunumi durante a Copa do Mundo – compre aqui.

Seu irmão Tupã, inclusive, acompanha Kunumi nos palcos como DJ Tupan e, juntos, levam a força do RAP Nativo, novo segmento do Hip Hop, que nada mais é que a criação musical a partir da visão de um indígena nativo sobre a sua própria cultura. No seu caso, a etnia Mbyá-Guarani. E, além do RAP, Kunumi mergulha também nos cânticos sagrados, músicas de cura, como é o caso de Jaguatá Tenondé, seu lançamento mais recente.

Nome artístico

Na música, Werá se lançou como Kunumi MC, mas agora, em 2021, decidiu iniciar um processo de mudança de nome. Em breve, ele será Owerá: “Já não me identifico como Kunumi, que em guarani significa jovem, criança. O meu nome, mesmo, dado pelo Xamoin, é Werá, que vem de Owerá, e significa raio. Acho Owerá mais forte e me sinto representado. Até mesmo para ampliar as minhas possibilidades de produção musical. Eu sou um rapper, sempre serei. Mas também sou cantor de músicas sagradas. Quando decidi me nomear como Kunumi, não tinha muita noção de tudo o que poderia acontecer. E hoje eu entendo melhor, sei que a minha estrada ainda é longa e, pra mim, é importante eu me sentir feliz com o nome que carregarei durante tanto tempo”.

Quando essa mudança será consolidada, ele ainda não definiu, pois precisa, também, de um tempo para o público ir entendendo, além de resolver questões burocráticas, e conseguir fazer essa transição de forma suave.

Influências musicais

Quanto às suas influências musicais, ele aponta outros artistas indígenas nativos, como os grupos Brô MC’s e Oz Guarani, Djuena Tikuna e Ibã Huni Kuin, além de nomes clássicos do RAP, como Racionais MC’s e Criolo, com quem, inclusive, gravou a música Demarcação Já – Terra Ar Mar. Até o momento, Kunumi também já lançou outros quatro singles: Xondaro Ka´aguy Reguá, Moradia de Deus, Força de Tupã e Jaguatá Tenondé.

Cinema

O artista também é a estrela principal do documentário My Blood is Red, produzido pela britânica Needs Must Film. O filme, registrado em 2016, levou o artista a diversas aldeias indígenas pelo Brasil para conhecer de perto a realidade de povos de diferentes etnias. Um desses encontros foi com a líder Sônia Guajajara. Ao longo dessa trajetória, ele pode ser testemunha da violência praticada pelos ruralistas, madeireiros, garimpeiros e políticos contra os indígenas. No paralelo, Kunumi se encontra com Criolo, um dos mais importantes rappers do país, que o abençoa e emociona em um encontro de dois gigantes de diferentes gerações.

Assista ao filme (disponível no Brasil, EUA, Reino Unido) pela Amazon Prime Vídeo

Kunumi também foi destaque no site da White Feather Foundation, fundação do Julian Lennon, que apoia comunidades indígenas pelo mundo todo.

Além disso, dia 10 de dezembro de 2020, o artista representou o Brasil – ao lado de Daniela Mercury – no evento de celebração do Dia dos Direitos Humanos, promovido pela ONU – veja aqui. E foi um dos indígenas do especial Falas da Terra, exibido pela Rede Globo.

Dejumatos

Diretora, roteirista, modeladora 3D, futurista e pesquisadora de processos de interação humano-computador. Seu objetivo é inspirar e guiar a metamorfose humana dentro e fora da Terra. Por isso investiga narrativas imersivas, que propõe experiências audiovisuais de conexão física, energética, emocional e mental. “Estou focada em maneiras de ampliar a consciência humana através de novos modelos de interatividade – sempre interdisciplinares”.

Como diretora, atuou em projetos documentais, curta-metragens, fashion filmes, animação e realidade virtual. Outras iniciativas incluem instalações artísticas, performance, inteligência artificial, visualização de dados, sensores e jogos. Trabalha diretamente na construção de narrativas expandidas, design de interface / estrutura, interatividade e fluxos de experiência do usuário – até um protótipo funcional.

Dentre os parceiros e clientes com quem já trabalhou estão Microsoft, Facebook, Instagram, ASOS, TEDx, ONU, Nike, SESC, CCSP, Museu do Amanhã, SP-ARTE, SPFW, Beijing Design Week, Berlin Club Comission, Kraftwerk, Pernod Ricard, IFOOD, Schutz, Tiffany & Co, Ford, C&A, Johnson&Jonhson, entre outras.

(Texto da assessoria do artista)