Dois anos após sediar o Encontro Nacional para a Salvaguarda das Matrizes do Forró (em setembro de 2015), João Pessoa receberá forrozeiros de todo o país para colocar novamente o tema na mesa.
Não é uma coincidência, como explica a ativista cultural Joana Alves da Silva, coordenadora do 2º Fórum Nacional de Forró de Raiz, que será realizado neste mês: “Isso é uma reação necessária. Nossa música regional perdeu espaço e, se não nos mobilizarmos, o forró será deixado de lado”. Joana se refere à forte presença de outros ritmos nos tradicionais festas juninas nordestinas que, neste ano, alcançou índices críticos, segundo os próprios artistas.
Joana Alves, coordenadora do fórum / Foto: José Carlos dos A. Wallach – Festar
O que se viu em grandes e pequenos eventos patrocinados pelas prefeituras da Paraíba e de outros Estados foi um elenco artístico que deixou muitas dessas festas mais parecidas com o Festival de Barretos, onde o domínio é da música sertaneja do Centro-oeste.
Agora vem a reação e, dessa vez, a Capital da Paraíba receberá, ao mesmo tempo, três eventos que devem impactar positivamente a mobilização dos defensores do ritmo nordestino. Entre os dias 20 e 22, serão realizados uma audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR), que vai discutir políticas públicas para a salvaguarda do ritmo; o Encontro Nacional de Forrozeiros e o Fórum.
A audiência ocorrerá no Espaço Cultural e os debates do fórum e do encontro acontecerão na Universidade Federal da Paraíba.
Vai ter bandeira, hino e caravana
O movimento em defesa do ‘forró de raiz’ – a música nordestina que tem como base triângulo, zabumba e sanfona, e passeia por uma série de ritmos entre eles baião, xaxado e xote – está crescendo rapidamente e conseguindo adesões importantes, como é o caso da comissão do Senado, que se propôs a encaminhar a discussão em busca das matrizes desse ritmo e definir parâmetros para protegê-las.
A briga é por um legado cultural, mas também – e em muitos casos, principalmente – por mercado. É fácil compreender isso quando se analisa o volume de cachês pagos nos eventos juninos deste ano, em que a maior parte foi para o bolso de artistas e bandas representantes de outros ritmos: o sertanejo, o ‘forró de plástico’, a ‘sofrência’ e até o funk, todos escalados para as festas pagas por prefeituras e por recursos do Ministério do Turismo.
A mobilização dos forrozeiros já tem um hino – a música ‘Bandeira do Forró’, composta por Beto Brito e outras mãos – e uma bandeira propriamente dita, desenhada e confeccionada pelo artista Clóvis Júnior.
Músicos e intérpretes se reuniram em estúdio, há uma semana, para gravar a música e a chamada coletiva para o fórum, o encontro e a audiência pública. O projeto é coordenado pelo maestro Chiquito.
“Isso não vai parar por aí. Vamos seguir em caravana por várias Capitais”, informa Joana Alves, adiantando um calendário itinerante para o Fórum. Uma caravana de forrozeiros partirá de João Pessoa para realizar debates e shows em Alagoas (10/12), Aracaju (11/12) e Salvador (12/12).
O hino
‘Bandeira do forró’
Vamos abrindo os caminhos
Despertando os sonhos desse lugar
Todos juntos pra ver o forró passar
A riqueza nordestina
A gente carrega no coração
Com fé, saudade e paixão
Somos uma pátria sertaneja de mãos dadas
Carregando a bandeira do forró
Do forró, do forró
Uma pátria carregando a bandeira do forró
Cada pedaço de estrela
Que brilha no céu
Faz a gente feliz
É a luz do Seu Luiz
Sanfona grudada no peito
O baião dess aterra é um sopro divino
É a vida do povo nordestino
Somos uma pátria sertaneja de mãos dadas
Carregando a bandeira do forró
Do forró, do forró
Uma pátria carregando a bandeira do forró
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(José Carlos dos Anjos Wallach)
