Mestre sanfoneiro emociona e se emociona no ‘Sextas Musicais’

Mestre sanfoneiro emociona e se emociona no ‘Sextas Musicais’

Música - 27, novembro, 2016

 

Aos 73 anos e uma estrada conduzida pela sanfona, sua segunda pele, Severino Medeiros é patrimônio cultural brasileiro. Homenageado pela Universidade Estadual da Paraíba no projeto ‘Sextas Musicais’, do Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), o mestre e a família foram recebidos por fãs e amigos na última sexta-feira (25).

O evento, que começou às 19h30, foi aberto com instrumental do próprio Severino com a participação dos filhos Dilsinho, Ailton, Adriano, Amilton e Ananias, as netas Deisy e Gleyce Kelly, além da nora Verônica Ryos, também cantora.

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Ladeado pela esposa, Socorro, e as netas Deisy e Gleyce Kelly, Severino Medeiros ouve homenagens

A homenagem, gravada em vídeo para o acervo do MAPP, teve participações especiais, como foi o caso do poeta e artesão Roosevelt Fernandes, que declamou um poema e cantou junto com os Medeiros uma música de sua autoria para o mestre Severino.

Roninho do Acordon, ex-aluno de Severino que está em turnê pela Europa, enviou mensagem em áudio e cantou uma música, diretamente de Munique.

Geovane Junior, sobrinho de Severino, também esteve na homenagem, assim como o sanfoneiro e ex-aluno Lucas Santos, uma das jovens revelações da sanfona.

Entre outros, estavam presentes no MAPP Cris Lima (sanfoneiro de Lucy Alves), o maestro Edgley Miguel, o sanfoneiro Luiz Carlos, o radialista Josinaldo Ramos, sanfoneira Saviya Castro, Luis do Acordeon (músico, sobrinho de Severino), a cantora Erika Marques, Regina Silva (que cantou um bom tempo ao lado de Severino), Dedé Medeiros (irmão e músico) e Cristian (do trio Jeito Nordestino).

Durante a homenagem, o diretor do MAPP, Ângelo Rafael Bezerra de Farias, saudou Severino Medeiros e o jornalista e escritor Astier Basílio representou o músico Sandrinho Dupan, que coordena o projeto ‘Sextas Musicais’.

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Severino recebe o título de cidadão campinense

Cidadão campinense

Severino Medeiros recebeu das mãos do vereador Lula Cabral, o título de cidadão campinense.

Natural da cidade de Esperança, ele chegou em Campina Grande aos 14 anos. Aprendeu a tocar sanfona sozinho. Começou a carreira se apresentando em cabarés, ainda menor de idade, aos 17 anos, tendo obtido da dona da pensão uma licença com o delegado para poder atuar.

Severino Medeiros se apresentou ao lado de Luiz Gonzaga, no Forró de Zé Lagoa, de Rosil Cavalcanti, além de ter gravado com mais de 40 artistas em toda sua carreira, entre os quais Marinês, Antônio Barros, Capilé, Ton Oliveira e Dominguinhos, de quem foi amigo.

Sanfona de papelão e folhas como público

A esposa do mestre, dona Socorro, contou que Severino era encantado com a sanfona, tendo começado com uma de papelão. “Tocava embaixo de um pé de manga, conversava com as folhas, que eram as pessoas (público)”. O pai finalmente deu o primeiro instrumento de verdade (a pior sanfona da época) e foi nela que Severino aprendeu a tocar, sem professor.

Numa sala da casa onde mora há décadas no bairro do Alto Branco, Severino formou mais de 40 sanfoneiros. “Minha cozinha era cheia de sanfoneiro e eu nunca aprendi a tocar nada. Mas sei quando o sanfoneiro desafina e fica fora do tom”, conta dona Socorro.

Severino Medeiros formou um clã de artistas: foram nove filhos (Aldenir faleceu com 1 ano). Os homens são todos músicos e as três mulheres “ótimas comerciantes”, como afirma dona Socorro.

 

(Repórter: Snides Caldas / Texto: José Carlos dos Anjos Wallach)