MinC anuncia R$ 500 mil para iniciar registro do forró no Iphan

MinC anuncia R$ 500 mil para iniciar registro do forró no Iphan

Música - 16, junho, 2018

 

A perda de espaço do forró em grandes eventos e a progressiva descaracterização dos tradicionais eventos juninos, sobretudo a música desse gênero, pode ser explicada por uma série de fatores. Um deles é o desinteresse do próprio gestor público em financiar o fortalecimento dessa cultura.

Entretanto, o que parece uma boa notícia foi dada pelo ministro Sérgio Sá Leitão (Cultura) de que dispunha de R$ 500 mil para iniciar o tão almejado processo de registro do forró como patrimônio cultural imaterial do Brasil.

Há anos, artistas e demais integrantes da cadeia criativa e econômica desse gênero musical lutam pelo registro, porque consideram isso como marco importante para preservar culturalmente essa expressão popular e estratégico para garantir a sustentabilidade.

Segundo o ministro, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) terá mais R$ 200 mil – estes coletados via emendas parlamentares – para começar os trabalhos de pesquisa.

Joana Alves entrega ao ministro Sérgio carta de reivindicações do Fórum de Forró de Raiz; encontro ocorreu em João Pessoa durante oficina realizada pelo MinC / Festar Imagem

Pouco?

Não é preciso ser especialista para entender que um projeto dessa envergadura requer muito mais dinheiro, porque demanda a mobilização de muita gente em torno de um esforço enorme na coleta de informações.

O forró, embora esteja bem mais associado ao Nordeste, que por si só já é uma ‘nação’ com nove Estados, se espalhou pelo Brasil como música, costumes, fazeres, economia, etc.

“Não dá nem pro começo”, disseram alguns artistas e ativistas culturais após o anúncio do ministro. O vídeo em que Sérgio Sá Leitão revela o aporte financeiro foi parar no grupo de Whatsapp ‘Forró de Raiz’, gerando opiniões e críticas variadas.

É para o começo

Ouvida nesta tarde (16) pelo glog, a articuladora nacional do Fórum Forró de Raiz, Joana Alves, disse que o dinheiro anunciado pelo ministro atende ao acordo fechado entre o fórum e o Ministério da Cultura.

“Como este ano já está no meio, e não haveria como um volume maior entrar em orçamento, ficou acordo que o Minc tentaria encaminhar a quantia que fosse possível pelo menos para iniciar o processo do registro. Juntando isso com as emendas parlamentares dos deputados Luiz Couto e Fátima Bezerra (R$ 200 mil) é possícel começar o trabalho”, explica

O acordo prevê que os MinC incluirá em seu orçamento de 2019 um projeto formulado pelo Fórum de Forró de Raiz com esse objetivo. Segundo Joana, se calcula um custo total de R$ 2 milhões para conclusão do registro do forró como patrimônio cultural imaterial.

Os fóruns estaduais do forró também vão se mobilizar para conseguirem junto aos parlamentares de cada unidade federativa a destinação de emendas de R$ 100 mil por deputado.

Documentário

Os R$ 500 mil do MinC já vão financiar um documentário sobre os Fóruns de Forró de Raiz, que realizaram-se em vários Estados, reunindo informações importantes para o inventário. Joana Alves calcula que o registro definitivo junto ao Iphan ocorra até o final do ano que vem.

“A partir daí começa uma segunda batalha que é a definição de políticas públicas em cada Estado. Essas políticas, baseadas no registro, se tornarão as salvaguardas do forró, e definirão aporte oficiais para ações que tenho o forró como prioridade”, explicou a ativista cultural.

(José Carlos dos Anjos Wallach e Snides Caldas)