Morreu na madrugada desta sexta-feira (3) o cantor Arimateia, 56 anos, que há mais de 30 integrava o grupo Os Três do Xamego, um dos trios nordestinos que mantêm a força do chamado forró raiz.
Arimatéia era diabético e sofria de hepatite crônica, era obeso e depressivo. Depois de passar mal (com vômito, tremores e palidez) foi internado no Hospital General Edson Ramalho, em João Pessoa, onde ficou por dois dias até falecer.
Segundo depoimento do seu filho mais velho, Washington Vasconcelos, o pai chegou a fazer teste para Covid-19, que deu negativo.
Velório de Arimatéia na tarde desta sexta-feira (3)
“Era amigo e prestativo, não era rancoroso, adorava o trabalho. Sempre teve uma dedicação especial à musica. Gravou discos, era carismático e se dava bem com todos”, relata o filho.
Depressão aumentou
Washington conta que o pai, nos últimos dias, vinha apresentando mais sinais de depressão, por causa da doença e, também, devido ao momento de estagnação no setor cultural provocado pelo isolamento social e a parada de sua área de trabalho.
“Essa pandemia agravou a depressão e ele veio definhando e chegou a esse estado, até horas atrás. Passou muito mal, teve hemorragia, uma parada cardíaca e não respondeu às massagens cardíacas e, no fim, desencarnou”, detalha.
Arimatéia nasceu em 15 de março de 1964, na cidade de Cuité (PB) e morou por muito tempo em Cubati, onde chegou a ser eleito vereador. Há anos morava em João Pessoa com a família.
Depoimentos
O músico Marcelo foi um dos companheiros de estrada de Arimatéia: “Minha fase com ela foi muito boa. Foi um grande irmão, por isso a satisfação de tê-lo acompanhado. Com ele toquei teclado, contrabaixo, bateria, guitarra… Infelizmente nos deixou, mas talvez tenha sido melhor para evitar sofrimento maior devido à sua doença”.
“Pra mim uma perda muito grande. Ele era parceiro e irmão. Não tem muito o que se dizer num momento desse”, desabafou o cantor e compositor Dadá Moreno, que esteve no velório de Arimatéria nesta tarde.
“Meu Deus, eu gostava demais dele. O conjunto é ótimo. Arimatéia era tão esforçado. Lamento e estou muito angustiada porque gostava muito dele”, disse a odontóloga e produtora cultural Rilávia Cardoso, que organiza o Troféu Gonzagão, em Campina Grande.
O cantor Samuel Pinto, filho de Pinto do Acordeon, lembrou que Arimateia curtia ficar na Rua Duque de Caxias: “Na ‘Praça dos Músicos’, como agente chamava, e jogava seu baralho, dominó. Conversávamos sobre o shows, como estavam as idas e vindas, sobre o forró. Vais deixar muita saudade. Deixo pra família meu carinho e pesar”.
Outro que conviveu muito próximo de Arimatéia foi o cantor e compositor Geovane Jr. Eles viajaram juntos em apresentações em Fortaleza , Mossoró, Açu outras cidades dessa região. “Fomo juntos, ralando, ele dirigia um pouco, eu também. Fizemos turnê por boa parte do Nordeste. Arimatéia era um cara que na hora que se precisava dele não media esforços”, diz Geovane.
Ele e Arimatéia fizeram participação no programa ‘Cantos & Contos’, do cantor e compositor Ton Oliveira. “Estávamos sempre juntos buscando projetos para a nossa música, não media esforços na luta dentro desse momento pelo forró autêntico”.
Segundo Geovane, Arimatéia chegou a participar do grupo Nordestinos do Ritmo e tinha uma das mais belas vozes da música nordestina: “Uma pegada muito boa, um swing fantástico no forró, o sincopado maravilhoso. A música nordestina perde muito”.
Foi Geovane Jr que atuou como ponte para que o Festar conseguisse os depoimentos sobre Arimatéia e registrasse em foto o velório do artista.
Esteve no Festar
Arimatéia esteve na sede do Festar Muito, em Campina Grande, quando foi realizado o Encontro de Forrozeiros, em 2018. Cantou e se divertiu com os amigos, assim como o fez na comemoração do aniversário de 70 anos do mestre Pinto do Acordeon, em João Pessoa, quando o blog também cobriu o evento.
A formação original de Os Três do Xamego era Zé Cardoso, Miudinho e Arimatéia. Já a formação recente tinha Dadá Moreno, Joca do Acordeon e Arimatéia.
(Snides Caldas e Geovane Jr)
