A saga da música nordestina, desde o exato momento quando começou a conquistar o Brasil, será contada em musical que estreia em Campina Grande no dia 16 de junho, no Teatro Severino Cabral.
O espetáculo ‘Fole roncou – uma história do forró’ toma por base acontecimentos registrados no livro de mesmo nome, de autoria dos jornalistas paraibanos Carlos Marcelo e Rosualdo Rodrigues, e usa três monstros sagrados do cancioneiro regional – José Abdias, Marinês e Luiz Gonzaga – como peças centrais da narrativa.
A apresentação no Teatro Severino Cabral será o primeiro de 18 espetáculos, que irão ainda no Parque do Povo e nos Distritos de Galante e São José da Mata no decorrer do Maior São João do Mundo.
As apresentações serão gratuitas e integram a programação montada pela Prefeitura de Campina Grande.
O livro
Um dos mais autênticos gêneros musicais brasileiros, o forró tem uma história cheia de episódios marcantes. Nascido a partir da mistura de ritmos nordestinos como baião, xaxado, coco, arrasta-pé e xote, existe há sete décadas, sobrevivendo aos muitos modismos.
O livro ‘O fole roncou! Uma história de forró’ é o resultado de três anos de trabalho, com pesquisa detalhada em 80 entrevistas da dupla de jornalistas paraibanos e reconstitui a trajetória do gênero musical e revela histórias curiosas e divertidas de grandes nomes da música popular, como Luiz Gonzaga, personagem central da trama; Jackson do Pandeiro, Marinês, Dominguinhos, Trio Nordestino, Genival Lacerda, Anastácia, Antonio Barros e Sivuca.
O espetáculo
A narrativa se inicia ainda nos, quando o rádio era o principalmente elemento de integração nacional. Naquele momento, a música que surgia expunha ao mundo a figura de Luiz Gonzaga e sua novidade. “Em vez de polca e rancheira,o povo só pede e dança o baião…”, diziam locutores.
A peça se fixa em dois encontros que acabaram transformando a vida dos personagens que se envolveram neles e a história da música do Nordeste e do Brasil como um todo.
O primeiro desses encontros foi o de José Abdias e Marinês, que se conheceram num esbarrão na escadaria de uma emissora de rádio. Os dois e mais o colega de rádio Cacau formaram o trio Patrulha de Choque do Forró
O segundo encontro ocorreu em 1955 e envolveu Luiz Gonzaga, que teve a oportunidade ve-los tocar: Marinês (triângulo), Abdias (sanfona) e Cacau (zabumba). O Rei do Baião ficou impressionado e custeou a ida deles para o Rio de Janeiro, quando, para os historiadores, teve início a original música nordestina que começava a conquistar o Brasil.
Bailarinos e atores se alternam na narrativa, dando seus testemunhos, em roteiro ficcionado com humor, teatralidade e astúcia, características bem nordestinas.
Em dois atos, o espetáculo tem direção de Sérgio Maggio. Dudu Alves, integrante do Quinteto Violado, responde pela direção musical e por arranjos novos para clássicos como Feira de Mangaio, Sebastiana, Baião, Asa Branca e outros.
O capricho recai também sobre a coreografia, assinada por Leila Nascimento, que trabalha os elementos xaxado, forró e xote. O grupo brasiliense Flor do Cerrado, que mistura ritmos da cultural popular com o balé clássico, participa da apresentação, cuja direção geral é de Edilane Oliveira, que idealizou o Maior São João do Mundo.
(José Carlos dos Anjos Wallach)