Como não poderia deixar de ser, a noite foi muito emotiva. Na pauta, a comemoração de 45 anos de aniversário da banda e a homenagem póstuma a Carlos Albuquerque de Melo, a zabumbeiro Parafuso, que morreu em outubro passado, aos 76 anos.
A última noite do ano do Projeto ‘Sextas Musicais’, realizado pela Universidade Estadual da Paraíba no Museu de Arte Popular da Paraíba (MAPP), na sexta-feira (16), começou com as boas vindas do diretor da instituição, Ângelo Rafael Bezerra de Farias, ao trio e ao público.
O músico e produtor Sandrinho Dupan, que coordena o projeto Sextas Musicais, conduziu o bate-papo com os artistas.
Oscar Neto (Coroné Grilo) declamou versos do cordel ‘Os Três do Nordeste – de Zé Pacheco a Parafuso’, do compositor Roberto Moraes, que também falou um pouco sobre o tema e a importância do grupo paraibano no cenário da música nordestina.
Depois, os músicos do trio, Luiz Carlos, Hedran e Deda, responderam às perguntas do público e de artistas, seguindo o formato do projeto, que é gravado em audiovisual para compor acervo digital do MAPP sobre artistas paraibanos.
Forte demais
Luiz Carlos, que substituiu o pai na turnê europeia e teve que ficar à frente de todo o processo para transportar as cinzas de Parafuso ao Brasil, emocionou-se. Ele contou como ficou impactado no momento em que o pai começou a passar mal após um dos shows na Europa, no início de outubro: “Quando eu vi que ele tava em uma situação muito difícil, que eu não tinha mais como intervir, eu disse a ele o quanto eu e a família o amavam. Eu vivi minha vida em duas partes: ele cuidou de mim até os 15 anos e eu cuidei dele até o resto da vida”.
Também emocionada, a filha de Parafuso, Edras Veras cantou três músicas, uma delas de autoria do pai. Também foram tocantes e reveladoras as palavras da viúva Lisete sobre a importância de Parafuso e do grupo Os 3 do Nordeste.
No decorrer da homenagem, e com as falas dos familiares, foi se confirmando o que havia sido encaminhado no decorrer das últimas semanas: Luiz Carlos assumirá o lugar do pai nos 3 do Nordeste.
Antes não havia a certeza de que o filho Luiz Carlos, também músico, assumiria o lugar de Parafuso no trio, como era desejo do pai e do restante da família. Embora o meio artístico apontasse isso como um caminho natural, o componente emocional nos últimos dois meses exigiram reflexão e planejamento tanto do trio, como da própria família.
Nesse período, a primeira decisão foi a de honrar a memória de Parafuso cumprindo a agenda de shows até o final do ano, o que foi feito por Luiz, Hedran e Deda. Nesse meio tempo, o desejo demonstrado por fãs e amigos agiu como aglutinador e o grupo soube aguentar o baque da perda do zabumbeiro e manter o shows.
Zabumbas rufam
Um dos momentos mais esperados correspondeu à expectativa. O público conheceu e aplaudiu o grupo Zabumbaiada Parafuso, criado por Roberto Morais e formado por oito zabumbeiros, um sanfoneiro e trianguista.
O Festar acompanhou as homenagens com fotografias (na galeria abaixo) e em vídeos (que serão publicados na fanpage e no canal do blog no YouTube).
(Reportagem: Snides Caldas / Texto: José Carlos dos Anjos Wallach)
