Os lajedos também cantam e dançam

 

Que o cenário é lindo já sabíamos desde as fotos que recebemos para divulgação do projeto. Mesmo assim, ver a Laje Grande ao vivo é surpreendente. Uma pedra enorme, com uma capela construída no topo, o mundo ao redor e o céu azul do Sertão. Um estúdio fotográfico natural.

O lugar não poderia ter sido melhor para a abertura do Circuito Som nas Pedras, uma nova rota turística que vai se utilizar dos grandes lajedos para unir, em princípio, dez cidades do Sertão e do Carari num projeto sustentável que ajude a movimentar a economia dessas regiões – algo como acontece com o Brejo, onde já se consolidou a Rota Cultural Caminhos do Frio.

O que se pode dizer da tarde e noite do sábado (31) é que o projeto, que ainda é um piloto, segundo Milton Dornellas, secretário executivo de Cultura do Estado, conseguiu o impacto necessário a uma estreia, e promete ser sucesso. (Veja em vídeo)

“Nós temos hoje a possibilidade de criar várias rotas com destinos turísticos, aproveitando essa beleza natural e agregar valores. Isso tem que entrar numa pauta de discussão entre gestões públicas e privadas, e a comunidade em geral. Na hora que se juntar Governo do Estado, prefeituras, empresários, artistas e sociedade interessada, teremos uma ação pactuada de desenvolvimento”, defende Milton Dornellas.

O secretário e a presidente da PBTur, Ruth Avelino, estiveram na abertura do Circuito, além dos prefeitos Luiz Galvão e esposa (Juru) e Ricardo Pereira (Princesa Isabel), o secretário de Cultura de Juru, José Carlos, e um público que superou as expectativas. O lajedo lotou.

“O diferencial paraibano é essa tendência à projeção da cultura local, a cultura popular. Os turistas gostam disso, eles se deslocam para conhecer coisas diferentes. O que nos parece igual, para eles é um achado”, disse Ruth Avelino, dimensionando o valor das expressões culturais paraibanas e explicando o princípio das rotas culturais que vêm sendo criadas em várias regiões do Estado.

Música, dança, bacamarteiros, poesia

No imenso pátio de rocha ao lado da capela de São João Batista, a programação cultural começou às 16h30 com apresentação da banda marcial Capitão Dalmo Teixeira, da Secretaria de Educação de Juru.

Os bacamarteiros iniciaram seu show de tiros ao pôr do sol. O grupo Gaviões da Serra, formado por agricultores que cultuam a tradição dos velhos bacamartes, fez linda apresentação: o estrondo dos tiros ecoou do alto da pedra, o clarão da queima da pólvora parecia relâmpago.

Diz a história que essas armas, também chamadas de granadeiras – podendo ter canos curtos ou longos – foram usadas na Guerra do Paraguai.

O secretário José Carlos aproveitou e anunciou o 1º Encontro de Bacamarteiros, que deve se realizar até dezembro, calcula o prefeito Luiz Galvão. O evento deverá reunir 200 atiradores.

 

Sob a batuta do maestro Zé Mário, a garotada da Orquestra Jovem Prima (Polo Itaporanga) fez uma das principais apresentações, com músicas do cancioneiro popular, incluindo composições do mais homenageado do ano, Jackson do Pandeiro.

Outras belas apresentações foram o Reisado, com o grupo de terceira idade da Secretaria de Assistência Social de Juru, e a Banda de Pífanos Cabaçal do Mestre Zé Pretinho, formado por irmãos, da cidade de Tavares.

Ainda se apresentaram o balé montado por alunas da oficina de dança do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo (Juru), o Grupo de Xaxado da Escola Possidônio da Costa Veras (Povoado Cachoeira dos Costas), João Vanildo (compositor juruense), grupo da Associação de Capoeira, a cantora mirim Bianca Alves e Luiz do Acordeon, com forró pé de serra.

Muito bem recebidos

Após a nutritiva tarde cultural no lajedo, quem nos recebeu em sua residência foi Fátima Alves, com jantar dentro da proposta cultural do evento: regionalidade. Nos alimentamos ao lado da família e amigos da anfitriã, uma acolhida característica do sertanejo.

Na Pousada JPMS, o tratamento também quase familiar do Seu Zé Dez e Dona Salete. Foi um dia bonito de todas as maneiras.

O Festar foi convidado a integrar a fampress organizada pela PBTur para o evento de abertura do Circuito, e se juntou a um grupo de jornalistas. Além do evento principal, a caravana conheceu o povoado onde se realiza a tradicional Festa da Mandioca, em Princesa Isabel, foi ver a estrutura e as necessidades do Pico do Jabre, o segundo ponto mais alto do Nordeste (em Maturéia) e conheceu pousadas e serviços que dão suporte a esses atrativos. Faremos material segmentado, em texto e vídeos, para relatar nossa grata experiência.

As próximas paradas do Circuito

Esta ação tem o apoio de agentes culturais e a parceria das prefeituras municipais com a co-realização do Governo do Estado, por meio das Secretarias de Estado da Cultura, Turismo e a Empresa Paraibana de Turismo (PBTur), com apoio da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), e Sebrae, além da iniciativa privada.

No sábado (7), a Pedra dos Caboclos, em Maturéia, será o local do segundo evento do Som nas Pedras. A movimentação começará às 20h e o elenco terá Escurinho, Quarteto Prima e sanfoneiros da região. E segue o calendário:

21/9 – Monteiro – Laje das Moças – 16h30

28/9 – Teixeira – Pedra do Tendó – 16h30

5/10 – Princesa Isabel – Pedra do Guiné – 16h30

12/10 – Congo – Lajedo da Barriguda – 16h30

26/10 – Cabaceiras – Lajedo Salambaia – 16h30

9/11 – Serra Grande – Lajedo da Paixão – 17h

16/11 – Queimadas – Caverna da Local – Pedra do Vento – 16h30

23/11 – Boqueirão – Lajedo do Marinho – 16h30

 

(José Carlos dos Anjos Wallach e Cira Lira)

 

Na galeria abaixo,  mais fotos de vários autores: Ana Lustosa, Fernando Mello, Walkiria, Hacéldama Borba, Laércio, Eliane França, José Vieira, Roberta Vieira, Rogério Almeida, Cira Lira e Zeca Wallach