Pandeiro se aquieta, mas Fuba deixa obra consistente

Pandeiro se aquieta, mas Fuba deixa obra consistente

Música - 18, outubro, 2017

 

Músico daquela categoria em que a regionalidade e a própria história ditam o ritmo e o conteúdo da sua arte, Juberlino Martins Levino fica para o cenário da música nordestina no mesmo patamar de artistas como Jackson do Pandeiro, Elba Ramalho, Dominguinhos e alguns outros aos quais acompanhou em sua carreira, iniciada ainda quando menino lá em Taperoá.

Fuba de Taperoá, como era conhecido na música, morreu na noite da terça-feira (17), aos 64 anos, na cidade de Guarulhos, Grande São Paulo. Diabético, lutava há dois anos contra complicações que decorriam da doença. Ele teve falência múltipla de órgãos.

Cantor e compositor de altíssima capacidade criativa e rítmica, Fuba começou no zabumba e depois no pandeiro. Era curioso como havia entre ele e o mestre Jackson do Pandeiro grande semelhança física. Até o ritmo que imprimia ao instrumento lembrava Jackson.

O conteúdo de sua criação tirou do próprio entorno pobre e humilde, mas riquíssimo em história, costumes e folclore, no Nordeste.

Da terra de grandes

Nasceu na região de Cariris Velhos, na cidade de Taperoá, terra de outros importantes artistas brasileiros, como Vital Farias e Zito Borborema, além do escritor Ariano Suassuna.

Desde cedo conviveu com a música, pois sua mãe, Carminha Basílio, compunha músicas carnavalescas para o bloco Campo Louro, dirigido por seu pai.

Um dos tios era animador de um bloco de Cambidas, dança folclórica de origem africana. Já aos 12 anos começou a tocar zabumba em sambas, nome dado ao forró de então, em sítios do Cariri e em cabarés.

Mesmo de menoridade, sua presença acabava sendo imposta nas festas sob pena de elas não acontecerem sem a presença do pequeno zabumbeiro. Ainda em Taperoá participou de uma banda de música com Vital Farias.

Passagem por Campina

Seguiu com o cunhado Zito Borborema para Campina Grande, onde este fazia sucesso com o forró “Mata Sete”. Apresentou-se pela primeira vez em rádio em programa dirigido por Rosil Cavalcante.

Em 1964, foi para o Rio de Janeiro de carona num caminhão de carga de sal. Pouco depois mudou-se para São Paulo. No início dos anos 1970 passou a frequentar o forró de Pedro Sertanejo e a pensão da alagoana Dona Biu, reduto de artistas nordestinos naquela época, onde costumavam reunir-se artistas como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e outros.

Na gravadora de Pedro Sertanejo gravou suas primeiras músicas em discos pau-de-sebo, reunindo vários cantores. Participou também de diversos outros discos coletivos.

Discografia

(2012) Forró em gameleira

(2010) – Forró do bom – CD

(2003) Chamego do forró

(2000) Vai lá no meu forró • Panela Músic • CD (com direção artística de Elba Ramalho e produção de Dominguinhos)

(1988) Na pisada do forró • LP

(1985) Cantando e sorrindo • LP

(1981) Lembrança de Taperoá • LP

 

(Da Redação, com informações das redes sociais e pesquisa no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira)