Por que o final do ano mexe tanto com as emoções?

Por que o final do ano mexe tanto com as emoções?

Opinião - 12, dezembro, 2016

 

Maria Aparecida das Neves

 

O final do ano, por si só, simboliza o final de um ciclo. É comum vir à tona lembranças desagradáveis – em função de perdas, separações e reencontros por vezes desagradáveis”, ilustra. “Muitas pessoas também se sentem frustradas por não terem cumprido todas as metas que desejaram ou ansiosas por não saberem o que está por vir.

Neste final de ano, outro fator também foi preponderante para deixar algumas pessoas ainda mais angustiadas ou deprimidas. A crise econômica e política que o Brasil vem atravessando afetou muitas famílias. Muitas pessoas perderam o emprego, se endividaram e tiveram que fazer adequações na família – mudanças nem sempre fáceis de aceitar.

Mas como driblar estes sentimentos negativos para começar o novo ano com motivação e esperança? Algumas dicas importantes:

– A tristeza e a melancolia do final de ano podem motivar reflexões sobre escolhas e comportamentos. Muitas vezes, na correria do dia a dia, não há tempo para isso. Só é motivo de preocupação real se demorar para passar, tornando-se uma depressão. Aí, sim, é preciso ajuda profissional.

– Criar propósitos de ano novo é saudável e motivador. Porém, quando estas promessas são feitas sem levar a realidade em conta, elas se tornam pressões ao longo do ano e, se não forem atingidas, viram frustrações. Por isto, antes de fazer planos, analise sua realidade em todos os sentidos – inclusive financeira. Tem um objetivo a atingir? Ótimo! Então se planeje, veja o que precisa priorizar para atingir esta meta, bem como o quanto de energia e recursos terá de investir. Planejamento é fundamental para viabilizar sonhos. Não adianta querer consertar a vida só porque o ano vai mudar.

– É importante refletir sobre o porquê de não ter atingido alguns dos propósitos para não deprimir-se à toa. Não conseguiu fazer a viagem dos sonhos porque perdeu o emprego? Na verdade, foi uma decisão sábia, afinal, sem emprego era necessário poupar recursos até arrumar uma nova posição. Não deve ser motivo para sentir-se fracassado. Por outro lado, se não conseguiu emagrecer porque teve preguiça de fazer uma atividade física ou mesmo de procurar um médico ou nutricionista, é preciso fazer uma reflexão e entender que, na vida, nada se consegue sem empenho e “mão na massa”. Vale pedir ajuda profissional a fim de driblar o desânimo e a letargia que impedem de atuar em prol da sua felicidade e bem-estar.

– Muitas pessoas se cobram demais. Termina o ano e só ficam focadas no que não fizeram. Que tal olhar para as suas conquistas também?Pode ser uma boa dose de motivação para seguir adiante, rumo a novas conquistas.

– Com relação às perdas, especialmente de pessoas queridas, é normal que nestas épocas festivas a pessoa reviva o luto. Se for apenas uma tristeza, que é passageira, é normal. Porém, se desencadeou um quadro mais sério, de um desânimo que beira uma depressão, é preciso procurar ajuda o quanto antes. E não se sinta culpado de celebrar o Natal porque a vida precisa continuar. O respeito e o amor às pessoas que partiram não se medem pela tristeza ou pela privação.

– É fato que o Natal requer encontros familiares e nem sempre estar com alguns familiares é uma tarefa fácil. O melhor mesmo é evitar os conflitos. Fuja das conversas que podem desencadear os desentendimentos. Se alguém lhe fizer perguntas capiciosas ou provocativas, dê respostas neutras. E se ofereça para ajudar a preparar a mesa, fazer algo na cozinha ou olhar as crianças. Pode dar certo.

– Quem teve sua estabilidade financeira fortemente abalada em função da crise precisa entender, primeiramente, que estamos sujeitos a intempéries que não podemos controlar – como as medidas econômicas e políticas, por exemplo. Ainda assim, é preciso reagir, fazer contatos, atualizar seu network, rever o orçamento, fazer compras conscientes ou aquele curso que você vinha sempre adiando. Tome medidas práticas para passar por esta fase da melhor maneira possível, tirando o melhor de todas as situações! Crise também é oportunidade para crescer. Hora de focar e fazer escolhas.

 

(*) Maria Aparecida das Neves é psicóloga clínica