Qual empresa fará o São João de Campina? Resposta na ponta da língua

Qual empresa fará o São João de Campina? Resposta na ponta da língua

Eventos - 1, fevereiro, 2023

A resposta se saberá no dia 10 de fevereiro, quando será aberto o pregão eletrônico lançado pela Prefeitura Municipal e anunciado pelo prefeito Bruno Cunha Lima na segunda-feira (30). Nos últimos anos só deu Medow, empresa campinense que montou, organizou e escalou elencos de cinco dos maiores eventos juninos da Paraíba em 2022.

Em 2023, o evento chega aos 40 anos, tempo em que passou de uma festa tipicamente junina, com todas as tradições regionais em destaque, e passou por transformações conceituais e de organização financeira, de maneira que hoje mantém sua gradiosidade, e é focada não mais nas tradições juninas, mas num plano de marketing para a cidade e o gestor da hora, para atrair público ao Parque do Povo e fazer girar a economia local com sua limitada oferta de hospedagem, além do calendário coincidente de atrações de casas de shows e o lucro momentâneo do comércio em geral.

Na coletiva de imprensa, a prefeitura disse que o espaço para o público será aumentado no Parque do Povo e que haverá mudanças no desenho do local para atingir esse objetivo.

‘Oba-oba’

O texto distribuído com a imprensa pela Coordenadoria de Comunicação da Prefeitura diz que “O Maior São João do Mundo terá grandes novidades na edição comemorativa de 40 anos. A edição de 2023 será de muita inovação que irá prestigiar o público geral, os turistas e os artistas locais”.

Uma das alterações será a inclusão do Parque Evaldo Cruz (Açude Novo) e do Parque da Criança na programação da festa; e a criação do quadrilhódromo, na Estação Velha, que também receberá o Salão de Artesanato de Campina Grande.

Resgatar a tradição

O texto de divulgação informa que “uma das grandes prioridades desta edição será resgatar os elementos tradicionais do período junino e contemplar vários pontos da cidade”, o que, de certa forma, reconhece o distanciamento que o evento tomou da tradição juninas, pelo menos nos últimos dez anos.

A torcida é para que esse resgate chegue ao palco principal, e ao Parque do Povo como um todo, já que lá é considerado o ‘quartel general do forró’ campinense nessa época. Cercado e com limitação de público, tal qual uma casa de show, o PP se transformou numa arena semelhante ao que se constrói para ver rodeios ao som do cantores sertanejos do Sudeste e Centro-Oeste. É a nossa indesejada Barretos.

Segundo informa a Prefeitura, a nova estrutura “será executada para fortalecer a experiência dos campinenses e dos turistas. Os pontos da cidade contemplados no edital são: O Parque do Povo, Vila do Artesão, Açude Velho, Parque da Criança e Calçadão, Estação Velha com Salão de Artesanato e Quadrilhódromo, e os distritos de Galante, São José da Mata e Catolé de Boa Vista”.

Pelo novo desenho, o Parque do Povo terá sete entradas para o público, para tentar evitar formação de filas. Uma das entradas será exclusiva para turistas e excursionistas, o resto do público continuará se acotovelando nas demais entradas.

Serão retirados os camarotes que ficavam na lateral da Rua Sebastião, para ampliar espaço ao público geral e também possibilitando a ampliação do palco da arena de shows.

Já o Palco Cultural, que fica localizado na parte de baixo do Parque do Povo, além de mudar de local, ganhará uma estrutura adequada, dessa vez com a instalação de camarins e banheiros para os artistas locais – como houve desde sempre para os artistas do Palco Central.

Como se vê, com pequenos arremedos, a organização tenta dar à festa um perfil menos privado e mais igualitário no trato com artistas e público. A nota fora de tom é a tal entrada exclusiva para turistas – algo que soa como acesso VIP à festa.

Elementos tradicionais

Segundo o prefeito e seus assessores, esses elementos que fazem parte da história da festa também estão confirmados, “tais como a fogueira cenográfica, bandeirolas, criação de vários pontos instagramaveis (?) e um novo Coreto, dentro do Parque do Povo”.

A empresa vencedora da licitação será a responsável pela montagem, manutenção, cenografia, desmontagem da infraestrutura, palcos, som, iluminação, projetos de acessibilidade e arquitetônicos, captar patrocínio, show de drones, site e aplicativo.

Quem ganhar abocanha dois anos de festa

A licitação deste ano será referente aos anos de 2023 e 2024, e a empresa vencedora do pregão eletrônico pagará cota de concessão de uso do espaço público para o próximo evento. O lance mínimo para as empresas interessadas em gerir O Maior São João do Mundo será de R$ 341 mil, cerca de 1% do faturamento da festa, em 2022.

“Valorização do nosso povo”

O ‘Maior São João do Mundo 2023’ terá início no dia 2 de junho. A secretária de Desenvolvimento econômico de Campina Grande, Laryssa Almeida, disse que a edição 2023 vai valorizar a história: “Está sendo uma ação muito exitosa de toda a gestão do prefeito Bruno Cunha Lima. Estamos juntos construindo para que seja a maior edição de todos os tempos e como já estamos vendo, repleta de novidades, da valorização do nosso povo, da nossa história e da cultura regional. O Maior São João do Mundo é aqui em Campina Grande e faremos uma edição inesquecível”.

O discurso da secretária na apresentação do projeto à imprensa e ao mercado turístico de Campina quase nos deixa convencidos de que será dessa vez que o conteúdo musical do São João de Campina não terá um equivocado elenco de estrelas da cena musical sertaneja sulista.

Mas, voltando à realidade após a apresentação do projeto, é preciso lembrar que a festa junina em Campina segue um conceito de ação privada, que foca lucro e deixa o mercado ditar as regras do jogo. E tais regras são: grandes patrocinadores impõem os artistas, não importa de que linguagem musical, é que atraem público e são esses que devem estar no ‘Maior São João do Mundo’.

O resto é bobagem de quem só quer um São João Nordestino.

(José Carlos dos Anjos Wallach + fotos: Codecom/PMCG)