Já uma tradição particular dentro da tradição maior, Elba Ramalho se apresenta hoje no Parque do Povo, na véspera de São João, como a principal atração de casa. Ela falou sobre o show desta sexta-feira (24) e também sobre a polêmica do protagonismo reduzido do forró. Um caso, para ela, superado.
Sobre a apresentação desta noite noite, Elba não alterou o repertório já ensaiado por causa das polêmicas das últimas semanas. “Talvez a emoção esteja alterada, como sempre acontece na noite de São João, no Parque do Povo, agora renovado, reformulado e cheio de novidades”, diz ela. “Rezarei para que Deus seja minha força e minha luz, afinal de contas a honra é toda Dele”.
“Trasito bem em todas as vertentes da nossa música” / Foto: Daryan Dornelles
Para ela, o público vai receber o que espera. “Vou cantar o que sei e gosto de cantar. Todos sabem quem eu sou e quem não me conhece ainda, terá a oportunidade de conhecer. Estou bem cansada pelo ritmo pesado de shows, viagens e tudo que nos envolve, mas sigo serena minha estrada. Olho para a frente, em busca de alcançar os céus”, completou.
Ao longo de toda a discussão sobre o lugar merecido do forró, viu-se artistas discutindo a respeito do encolhimento do espaço dos ritmos tradicionais que deram a assinatura do São João como conhecemos. Elba engrossou o coro de uma campanha que virou até uma hashtag (#DevolvaMeuSãoJoão). A sertaneja Marília Mendonça rebateu e até mesmo Alcymar Monteiro recebeu críticas à forma como respondeu à cantora de “Infiel”. Mas um silêncio não exatamente surpreendente, mas ainda assim a ser questionado, foi o dos gestores públicos.
Elba não entra nesse mérito, pois acredita que o momento é de olhar para frente. “O silêncio pode ser compreendido de várias maneiras, é também um direito legítimo do cidadão. Sinceramente este é um assunto, para mim, superado”, afirma. “Está valendo a experiência e como pode resultar positivamente para todos os envolvidos. Dialogar, debater, buscar equilibrar os ânimos é saudável, positivo.
Entre erros e acertos, o que está feito, está feito, não vamos chorar sobre o leite derramado. A festa de Campina é grandiosa e não vai perder sua majestade”, enfatiza a cantora.
Para muitos, não pareceu claro, mas Elba Ramalho faz questão de ressaltar o respeito que tem por todas as formas de expressões artísticas e que sua fala inicial, que desfiou o rosário da classe artística, não teve o intuito de ferir ninguém.
“Transito bem em todas as vertentes da nossa música. Me sinto livre para aprender com outros e, se preciso, ser referência”, prossegue. “Respeito muito meus colegas, e conheço bem as dificuldades de ser artista no nosso convívio. A arte deve ser como a água, a escorrer no deserto árido dos corações; salvadora, motivadora, inspiradora. Devemos nos ater ao que é essencial e verdadeiro, repito.Até para se realizar um evento grandioso como a festa de São João”.
Apesar de trazer um discurso conciliatório, a artista não poupa críticas a alguns veículos de comunicação que, em sua avaliação, contribuíuram negativamente para a discussão.
“Com a mídia veloz e voraz, quase sempre perdemos o controle das coisas e o foco principal das questões, infelizmente. Natural para um povo que esteve sob o jugo de uma ditadura durante décadas, quando tivemos que silenciar sobre quase tudo. E ainda temos que lidar o despreparo de muitos jornalistas, blogueiros imediatistas… um peso para muitas medidas”, analisa.
Para finalizar, ela propôs uma reflexão através das palavras do poeta Mário Quintana. “Trago sua sabedoria nesse momento. ‘Não te irrites, por mais que te fizerem. Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem, teu mais amável e sutil recreio’. Obrigada”.
(Reproduzido do Jornal Correio da Paraíba – Por André Luiz Maia)
