Quem venceu o Feneps foi o forró; vêm aí CD e DVD do festival

Quem venceu o Feneps foi o forró; vêm aí CD e DVD do festival

Música - 30, agosto, 2016

 

O anúncio dos vencedores e a premiação de um festival de música são o ponto alto num evento do tipo, mas o caminho que leva a esse desfecho é o que mais importa.

Não foi diferente na finalíssima do 2º Festival Nordeste Sim Sinhô de Forró pé de Serra, que terminou no início da madrugada dessa segunda-feira (29), na sala Wladimir de Carvalho, da Usina Cultural Energisa, em João Pessoa.

Tão bom foi o nível que, na avaliação do blog, qualquer um dos seis finalistas poderia ter ficado com o título.

Depois de 24 horas de forró – divididas em duas eliminatórias e a final – a composição vencedora foi ‘Mata Branca’, da banda Imbalança, da Paraíba.

Em segundo lugar, ficou o trio Kativante, de Pernambuco, que defendeu a música ‘Briguinha à toa’, e o terceiro colocado foi Erick Souza, de Sergipe, com a música ‘Que sanfoneiro Bom’. Essas bandas fizeram jus a prêmios em dinheiro de R$ 2 mil, R$ 1,5 mil e R$ 1 mil, respectivamente.

Final apertada

A comissão julgadora do evento, formada pelo compositor e cantor Adeildo Vieira, produtor de TV Augusto Mendes e o também músico Alexandre Pé de Serra, teve trabalho na final, que começou às 16h30 do último domingo (28) e só acabou após a meia-noite.

As apresentações foram de alto nível assim como o repertório escolhido pelas bandas para as apresentações antes das músicas oficiais da competição. Composições de Luiz Gonzaga, Alceu Valença e até Gilberto Gil, de quem se ouviu a clássica ‘Refazenda’, tocada pela banda vencedora Imbalança durante a passagem de som.

Sempre animada por um bom número de torcedores que compareceram à Usina Cultural, a vocalista Maria Kamila foi a quarta a subir ao palco na ordem de atrações da final e encheu o ambiente com uma apresentação emocional, bem executada – sobretudo pelo acordeonista Lucas Carvalho (autor de ‘Mata Branca’). Junto com a zabumbeira Ane Kelmi Fênix, a percussionista Zi Ramos e a flautista Fabiane Marques, a Imbalança fez um bom show e terminou muito aplaudida.

Os pernambucanos do Trio Kativante, que ficaram na segunda colocação, fizeram a segunda apresentação da noite. O trio – na verdade um quarteto, pois havia um cavaquinho no palco enriquecendo a sonoridade de sua apresentação – mostrou um vocal forte com a participação de todos ao microfone. A boa voz do vocalista Itallo Costa foi sempre ajudada em belos arremates pelos demais integrantes da banda, Tiago Eloy (zabumba) e Rayan Santana (triângulo).

Já o sergipano Erick Sousa também trouxe bons segundos vocais e conseguiu levar à Sala Wladimir Carvalho um clima sertanejo com aboios que valorizaram a apresentação. Com bela presença de palco, o grupo fez o esquente com músicas de Dominguinhos e logo chamou a atenção da platéia, que transformou as pistas laterais em ‘latada de forró’.

Pela ordem, subiram ao palco Os Fulano, Trio Kativante, Erick Souza, Imbalança, Laerson Alves e Ari de Arimatéa. Os dois últimos, inclusive, merecem destaque: Laerson pela sanfona refinada e a voz poderosa e Ari de Arimatéa também pela voz, pela presença de palco e todo o conjunto da banda.

“Lampejo de esperança”

A presença jovem no palco do Feneps foi um ponto destacado pela comissão julgadora, que viu nesse fato a indicação de que o forró genuíno também está chegando e fazendo adeptos nesse público.

“Vejo aqui um lampejo de esperança. O festival tem gente muito nova fazendo forró de qualidade”, disse o compositor Adeildo Vieira.

Homenagem e show

Após a apresentação do terceiro concorrente, a competição foi interrompida para uma homenagem ao campeão mundial de sanfona, o pernambucano Mahatma Costa, que recebeu o Troféu Nordeste Sim Sinhô e demonstrou no palco e curta apresentação as habilidades que lhe deram o título.

“É uma honra receber essa homenagem e fico feliz em saber que existem festivais como esse aqui que estimulam a nossa cultura e que atraem jovens”, disse.

A cantora Sandra Belê também esteve na final do Feneps e participou da cerimônia de premiação dos vencedores e destaques do evento. Pouco antes, ainda nos bastidores, ela avaliava o festival: “Tem muita qualidade musical aqui”.

Gravação de CD e DVD

O objetivo do evento foi reunir e incentivar novos talentos regionais, garantindo a resistência e fortalecimento do forró em seu ritmo mais tradicional, o chamado pé de serra, onde a base se forma com triângulo, sanfona e zabumba.

Segundo o organizador do evento, Júnior Limeira, a previsão é de que até outubro ocorra a gravação do CD e DVD com as 16 músicas que estiveram presentes nas duas eliminatórias.

“Isso aqui não é uma mera competição. O festival é importante porque promove a integração e cria contatos profissionais e laços de amizade. Ao final, percebemos que todos merecem estar no topo”, avaliou Júnior Limeira, ao final.

Dançarinos, Lampião e Maria Bonita

Durante as apresentações das bandas, o cenário da Sala Wladimir Carvalho ficou mais colorido com os dançarinos da Academia Leo Aires e os personagens Quirino Lampião e Célia Maria Bonita (Everaldo Quirino da Silva e Célia Maria da Silva), que integram o grupo de trabalho social com idosos, do Sesc de João Pessoa.

 

(Por José Carlos dos Anjos Wallach / Fotos: Snides Caldas)