Rap de Cajazeiras zoando Brasil a fora

Rap de Cajazeiras zoando Brasil a fora

Música - 8, julho, 2019

 

‘Antes do Disco’ marca a estreia oficial de Paulin e Imigrante (Zero Oito Três) no mercado musical. Os irmãos nascidos em Cajazeiras começaram a soltar suas rimas em 2014, quando passaram a relatar a realidade dos jovens da periferia.

Influenciados pela cultura nordestina e pela vivência em tempos difíceis também em São Paulo, na comunidade de Heliópolis, apresentam 7 faixas que compõem a EP intitulada ‘Antes do Disco’, em uma alusão ao próximo lançamento que será o álbum ‘Pé no Chão e Fé no Passo’, já em processo de produção.

O primeiro single gravado pela dupla de rappers foi ‘Leis e Padrões’, um som gravado durante uma viagem à Paraíba (Cajazeiras) de Imigrante, que mora em São Paulo (Bertioga) em visita ao seu irmão Paulin, ”O som foi passando de mão em mão, ou melhor de celular em celular e isso nos incentivou”, explica Imigrante que também é responsável pelas artes gráficas, audiovisual e bases do coletivo. Com letras contundentes, o grupo Zero83 já abriu shows dos rappers Uterço, Xamã, 3030, entre outros.

Começando com uma introdução em homenagem a Dona Nadir, mãe dos MCs, a EP mostra toda a identidade e muito das influencias dos rappers. A faixa ‘Carreira’ foi uma das primeiras músicas escritas pelo Zero Oito Três: “Falamos sobre a carreira do rap ou do crime, escolhas que fazemos e sobre o que nos faz escolher os caminhos”.

‘O Crime’ chega com um cordel remetendo lembranças da infância: “Passei parte da minha infância morando em um sítio em Cajazeiras, e lá convivia com meu avô que sempre estava lendo um cordel no final das tardes, depois que chegava da roça, então fiquei fascinado com a poesia contida naqueles pequenos livrinhos, então comecei a ler e colecionar durante toda minha vida. Na faixa 3, ‘O crime’, resolvemos gravar e então adicionar a esta EP e nele eu falo sobre o crime de várias formas e como ele pode ter suas vertentes e como o jovem tem ali na porta de casa te convidando todos os dias”, explica Imigrante.

Já ‘Fora da Caixa’ chegou como prévia do EP, foi lançada no final do ano passado e não aborda apenas um tema, é sobre pensar diferente do convencional: “Cantamos também um assunto que gera desconforto em alguns rappers, de repente por não entender a real intenção da letra, acreditamos que o maior sermão é o exemplo, é nisso que acreditamos, ‘Fora da Caixa’ é Mudança… ”.

‘Mundano’ discorre sobre indiferenças sociais e imposições do sistema: “Uma mínima porcentagem de pessoas controla todo o mundo, somos 7 bilhões de pessoas. Como que eles conseguem nos controlar e impedir que tomamos deles e dividimos entre nós toda essa riqueza? Eles nos dividem por classes, com isso temos a ilusão de que estamos ou de que temos a chance de chegar no nível deles, e como é feita essa divisão? Com o poder de compra! E o poder de compra é um perigo para nós e para o meio ambiente. E nesta faixa falamos sobre isso, dividido ficamos mais fracos e eles mais ricos”.

‘Além de Rima e Poesia’ é resumo, na voz de Paulin, a faixa é crua e nua, realidade da vida. Fechando a EP, ‘Azilado’ tem produção musical de Kid Jay Beats e fala sobre o termo usado na Paraíba para ofender quem o xingador ache desocupado: “A palavra ‘AZILADO’ é usada aqui no Sertão da Paraíba para intitular e diminuir você a desocupado e drogado como por exemplo, vagabundo, marginal etc. usamos a palavra de uma forma 100% irônica, por trabalharmos desde a infância, não ter envolvimento no crime e mesmo assim somos taxados de ‘azilados’ apenas pela nossa cultura e estilo de vida”, explica Paulin.

 

(Da assessoria de imprensa dos artistas)