‘Raparigas’ esquenta o Zé Pereira e, novamente, deixa gosto de ‘quero mais’

‘Raparigas’ esquenta o Zé Pereira e, novamente, deixa gosto de ‘quero mais’

Eventos - 19, fevereiro, 2023

Dois anos após uma parada forçada devido a uma pandemia, que travou o Brasil e o resto do mundo, As Raparigas de Chico voltaram com gás e público.

Estrutura continua evoluindo, som fornecido melhorou e o posicionamento do palco foi mais inteligente do que em 2019, primeiro ano em que o bloco fez seu ‘concentra-mas-não-sai’ no Ponto de Cem Réis (Praça Vidal de Negreiros), no Centro de João Pessoa.

O que não vimos foi a esperada profusão de fantasias, uma expectativa que o blog alimentava devido ao período em que não tivemos carnaval – havia no ar, alimentada por postagens de promessas dos foliões de que o ano da volta seria grandioso, uma ideia de que o Ponto de Cem Réis estaria colorido com fantasias e haveria muito confete e serpentina. Os preços de adereços carnavalescos – e o desfile, na noite anterior de um peso-pesado do ‘Folia de Rua’, o bloco Cafuçú, que arrastaram multidões – talvez expliquem isso.

O que faltou em fantasia, sobrou em animação. O público foi chegando a partir das 17h e, logo depois, já tomava toda a praça, com frevo e marchinhas no pé.

Primeira atração, a Orquestra Sanhauá abriu com o hino d’As Raparigas e deu sequência a uma seleção de sambas, marchas e bolero de Chico Buarque, o homem que personifica a paixão do bloco e dos seus foliões.

Pela ordem vieram o Coral Voz Ativa e as raparigas-símbolo do bloco. Sempre a caráter, fizeram uma apresentação seguindo as obras de Chico.

A atração seguinte, Nynho Ewolução teve o cuidado de dar sua própria roupagem aos sucessos de Chico Buarque, o que reduziu a sensação de repetições entre uma tração e outra. Esse é um aspecto, inclusive, que deve se repensado pelo bloco: afinar um pouco mais a produção junto aos artistas escalados, de maneira que não haja tantas repetições de músicas durante o show-baile-carnavalesco. Cada um ficaria responsável por arranjos e execução de blocos diferentes de músicas do mestre e homenageado do bloco, Chico.

Durante a apresentação de Nynho – com destaque para a presença de palco do vocalista e o estilo sambão – alguns desarranjos de som surgiram, mas sem comprometer o todo do show.

Coube a Titá Moura & Banda, com seus convidados, encerarrem mais uma bela noite ao lado d’As Raparigas. A essa altura, o público estava à toda velocidade, sabendo que já chega ao fim mais um ano de um dos blocos mais bacanas da cidade.

Titá mostrou afinação com a banda e contou muitos pontos ao chamar para cantar junto Ruana Gonçalves e Nathalia Bellar. Enfim, o bloco As Raparigas de Chico mantiveram a escrita de deixar gosto de quero mais. Que venha 2024.

Por quê não?

João Pessoa tem três polos aglutinadores dos festejos carnavalescos, sobretudo os desfiles de blocos e de agremiações: na orla (Avenida Epitácio Pessoa-praias Tambaú e Cabo Branco), na Torre (Avenida Duarte da Silva – passarela de desfiles de escolas, tribos e alaursas) e no Centro Histórico (Praça do Bispo, Praça Rio Branco e Praça Vidal de Negreiros).

Mas em qual deles há identificação visual para o período carnavalesco? Isso não existe em quase nenhum. O corredor Epitácio-praias, por onde passam os grandes blocos e melhor financiados, é tomado por balões de publicidade. Nos demais lugares, quase nada – a não ser a própria presença dos foliões – indica que ali é ‘zona carnavalesca’.

Recife faz isso muito bem, potencializando o atrativo e mostrando diversidade do que se ver, sobretudo para os visitantes.

Dos polos que citamos aqui, o que tem  melhor potencial bom resultado de uma decoração carnavalesca é o do Centro Histórico, por causa da sua arquitetura de prédios e sobrados, de praças e ruas estreitas.

Imaginem o complexo formado pelo Ponto de Cem Réis, praças Rio Branco e do Bispo, ruas Duque de Caxias, Visconde de Pelotas e Geneal Osório todo decorado com motivos carnavalescos…uma nota à parte seria a transformação do Ponto de Cem Réis, com decoração em profusão, iluminação especial, boa sonorização e maior bateria de banheiros químicos.

Teríamos um salão de baile de carnaval ao ar livre. À Prefeitura e aos comerciantes locais fica a sugestão de promoverem essa evolução visual do principal sítio histórico e carnavalesco de João Pessoa.

(José Carlos dos Anjos Wallach)

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