Sidney Magal: “Sou eclético e gostaria de ter mostrado isso”

Sidney Magal: “Sou eclético e gostaria de ter mostrado isso”

Música - 4, abril, 2023

Mais carismático e talentoso ‘cigano’ que viajou pela música brasileira, Sidney Magal nunca escondeu seu jeito intenso de cantar, dançar, se vestir e animar seus fãs, principalmente entre o público feminino. Foi assim que fez sucesso e escreveu sua história musical lá pelos Anos 70/80.

Já uma das maiores personalidades da música brasileira, foi sucesso absoluto em 1977, cantando o hit ‘O meu sangue ferve por você’. Em todas as suas apresentações, sobretudo nessa música, Sidney Magal mexeu com o imaginário feminino, com performances irreverentes, roupas excêntricas e dança sensual.

Afirma e reafirma até hoje essa marca, que o levou a uma associação inevitável ao brega, um estilo musical ‘romanticamente exagerado’ e excentricamente vestido com uma estética que o tornou facilmente identificálvel nas letas e na imagem dos seus artistas.

O fato é que essa moda conseguiu atrair cada vez mais adeptos nos palcos e plateias e Sidney Magal foi – e ainda é – estrela de primeira grandeza.

Entretanto, o carioca Sidney Magalhães, 72, depois artisticamente batizado como Magal, se considera eclético. Passeamos pelas suas redes sociais e, no Facebook, ele declara que gostaria de mostrar esse seu lado, “(…) e passear por tudo, para que o público pudesse realmente ver quem foi Magal do princípio ao fim”.

(…) Tem coisas que eu ainda gostaria de fazer na minha carreira, e que eu penso muito se vale a pena fazer. Eu passei a minha vida inteira sendo chamado de brega. Eu sou um cantor popular, gente! (…)”, escreve numa postagem.

Abaixo, pinçamos algumas postagens que consideramos importantes e reveladoras do caráter comunicativo, sincero e cativante do artista:

Traço dos pais

“(…) Eu tenho um pouquinho da personalidade de cada um dos meus pais: essa coisa de eu falar muito vem da minha mãe com toda a certeza, mas ao mesmo tempo eu tenho a discrição do meu pai. No meu inconsciente eu devo ser exatamente igual a ela no sentido de querer chamar a atenção das pessoas porque eu falo alto, sou espalhafatoso, gosto de ser o centro das atenções – até porque se eu não fosse assim, não teria escolhido a profissão que escolhi. Então da minha mãe eu tenho também a música e essa sensibilidade que é toda dela. Do meu pai, a discrição e o respeito pela família (…)”.

Cabelos pintados? Chega!

“(…) Eu passei mais de vinte anos pintando os cabelos, e nem mesmo duas décadas foram suficientes para me fazer acostumar – ou pelo menos me conformar – a essa tortura: eu sempre tive ódio mortal daquela mancha horrorosa que a tinta deixa na testa da gente, e quase arrancava o couro de tanto esfregar para conseguir limpar aquilo. Gente, pintar o cabelo é um horror do princípio ao fim (…)”.

“(…) Quando percebi que aquela tinta já não estava mais acompanhando dignamente a minha passagem pelos anos, parei de pintar o cabelo de vez, e foi um alívio “(…).

“Magal sempre me permitiu tudo”

“(…) Eu sempre tive um olhar muito crítico pra mim mesmo, sempre fiz uma autoanálise muito grande. Então, conforme as pessoas falavam coisas a meu respeito – fossem elas positivas ou negativas – eu conseguia enxergar até que ponto eu tinha criado um personagem, até que ponto esse personagem era legal, e até que ponto ele poderia ser levado a sério. Porque o Magal sempre me permitiu tudo: usar saltos enormes, calças de veludo, camisa aberta até o peito e fazer todos os trejeitos que eu pudesse imaginar. Permita-se! Seja autêntico. O importante é ser feliz (…)”.

“Minha verdade me trouxe até aqui”

“ (…) Conta nas mãos quantos sucessos eu tive. Eu tenho muitos discos, muitas músicas lindas que as pessoas não conhecem porque os meus maiores sucessos – ‘Sandra Rosa Madalena, a cigana’, ‘Tenho’, ‘Meu sangue ferve por você’ – foram tão marcantes que se perpetuaram. Mas o que eu realmente acho que me fez chegar até aqui foi a minha verdade, porque toda vez que canto ou que eu falo, estou sendo sempre muito verdadeiro. Eu nunca abri a boca em show meu pra fazer discurso falso pra agradar ninguém (…)”.

“Não lembro da dor nas costas”

“ (…) Antes de subir no palco, eu sou o Magalhães que ri, brinca, conta piada e faz a maior bagunça. Mas quando eu piso no palco, me dá um start e é a partir dali que a coisa acontece, com a vibração do público, e eu saio dançando como dançava o Magal dos anos setenta, e não me lembro nem por um segundo da dor nas costas do Magalhães. Magal é aquele momento de satisfação pessoal, da satisfação do meu ego. É um momento só meu, porque ninguém pode vestir aquela roupa e fazer o que eu faço, e nem viver aquele momento junto comigo (…).

Lambada, a reviravolta

“(…) O ano era 1990, e eu estava desde 1982 sem lançar um disco que tivesse uma grande expressão na minha vida. Eu estava um tanto decepcionado, porque nesse período alguns acontecimentos me fizeram perceber que não adiantava eu querer fazer certas coisas sozinho, quando surge o convite para um projeto que daria uma reviravolta na minha vida.

A lambada estava começando a fazer sucesso, quando Max Pierre e Alberto Triger me procuraram com a ideia de gravar um disco de lambada, com uma proposta um pouco diferente daquela que outros artistas já estavam começando a fazer.

Eles montaram um repertório de muito bom gosto, com arranjos maravilhosos. Eles trouxeram uma música inédita para o repertório, que nós gravamos como se fosse apenas mais uma música de um repertório muito bem escolhido, sem imaginar a importância que ela teria para o sucesso daquele projeto. Essa música era ‘Me chama que eu vou’ (…).

“É preciso saber se doar”

“(…) O Magal é um reflexo das pessoas, e é por isso que eu digo que ele vive na vibração e na energia do público. As pessoas me perguntam muito qual é o segredo pra conquistar o público. O público tem uma percepção, ele observa as sutilezas, ele avalia a história de vida. O público enxerga o que está por trás do personagem, o que sustenta aquele personagem. E é isso o que faz com que um artista consiga ou não conquistar as pessoas: é preciso saber se doar para o público com respeito, trazendo verdade, e o público acaba sentindo isso e se identificando. É o que mantém um artista vivo.

Apelo cigano

“(…) Em momento algum me passou pela cabeça que esse apelo cigano poderia marcar a minha carreira da forma que marcou. Até que Robert Livi, que na época era meu empresário e autor de ‘Sandra Rosa Madalena, a cigana’, sugeriu ao público no clipe do Fantástico a minha descendência cigana. Logo depois, fizemos também o filme ‘Amante Latino’, onde, no roteiro de autoria do escritor Paulo Coelho, toda a história se passa em um acampamento cigano. A minha imagem acabou sendo totalmente associada ao povo cigano e eu me orgulho muito disso (…)”.

Marília

Numa das postagens, o perfil de Sidney, reproduz palavras que teriam sido ditas por Marília Mendonça:

“ (…) É isso aí. Eu sou brega. Eu sou um espetáculo e faço dos meus sentimentos exagerados o meu próprio palco. Eu sou amor e como diria Sidney Magal o amor tem de ser brega. Deus me livre de um amor chique discreto. Deus me livre de sentir morno e suave. Deus me livre de falar baixo,sorri baixo, sonhar abaixo de volume baixo.

O dicionário diz que brega adjetivo denota falta de gosto. Eu digo que nao, eu gosto muito e profundamente tão profundo que gritam aos quatro cantos meus amores nem sempre reais. é por isso que é tão divertido ser brega como eu entendeu tudo e muito tudo é grande. Tudo me transforma, tudo me revira e vira choro, vira música, vira grito, vira motivo, vira poesia, vira esperança se se entregar de corpo e alma assim é ser brega.

Muito prazer. Me chamem de MARÍLIA MENDONÇA (…)”

(Da Redação + fotos reproduzidas das redes sociais do artista)