Uma plateia ansiosa e absolutamente silenciosa – claro, estávamos num recital, mas o silêncio se fazia mesmo antes de começar o espetáculo. Que por sinal veio com a carga de simbolismo que já era esperada.
Meio século depois de ter cantado no Maracanãzinho e no dia seguinte ter sido calado pelo AI-5, ato da ditadura militar que acabou por provocar seu exílio no Chile, Geraldo Vandré derrubou o tabu e apresentou-se num palco.
O longo silêncio e o momento político pelo qual o país passa hoje resultaram numa atmosfera bem emocional na Sala de Concerto Maestro José Siqueira, escolhida pelo próprio artista para seu recital-concerto ao lado da pianista Beatriz Malnic, da Orquestra e do Coro Sinfônico da Paraíba.
Foi na noite da quinta. E nesta sexta-feira (23), já sem a expectativa do fator ‘estreia’, Vandré volta ao palco. Mas não tenha dúvida que a noite será novamente regida pela dramaticidade. Daqueles espetáculos em que o componente político e emocional supera o olhar artístico.
Como é
Vandré se apresenta primeiro ao lado da pianista Beatriz Malnic. O segundo ato abre com mini-concerto da Orquestra Sinfônica com o Coro Sinfônico da Paraíba que executam composições de Geraldo Vandré. Ele e Beatriz voltam ao palco em seguida. Na primeira noite, o ápice veio com o autor cantando a célebre ‘Caminhando – Para não dizer que não falei de flores’. Dá para arrepiar.
Serviço:
‘Música e poesia da Capitania de Wanmar’ – Geraldo Vandré, Beatriz Malnic, OSPB e Coro Sinfônico
22 e 23/3 | Sala de Concertos do Espaço Cultural – Tambauzinho | João Pessoa-PB | Imgressos já distribuídos | transmissão ao vivo em telão montado na Praça do Povo
Vandré e a platéia cantam ‘Pra não dizer que não falei de flores’: https://www.youtube.com/watch?v=zlNkytJxJ8g&feature=youtu.be
(Por José Carlos dos Anjos Wallach)