Sítio São João fará última temporada no Catolé

Sítio São João fará última temporada no Catolé

Eventos - 1, junho, 2017

 

Este será o último ano do Sítio São João no bairro do Catolé. No início de julho, quando termina o período de festividades juninas em Campina Grande, o espaço será desmontado.

O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira (1) pelo criador do espaço, João Dantas, apontando a falta de condições financeiras de manter o projeto, que é uma espécie de museu a céu aberto de um ambiente rural nordestino.

João Dantas: “O projeto é grandioso e importante, mas não temos como mantê-lo” / Foto: Snides Caldas-Festar

Segundo João Dantas, que é vereador, teatrólogo, cenógrafo e produtor cultural, manter o Sítio São João é “uma verdadeira saga nordestina”, diz, referindo-se à dificuldade de fazer frente às despesas do projeto: “A começar pelo aluguel do terreno, de R$ 10 mil por mês. É um preço justo, mas não temos condições de manter”, afirma.

O Sítio São João não entrou na programação de apoio financeiro da Prefeitura Municipal: “Até agora não veio ninguém aqui da Prefeitura perguntar se o Sítio São João precisa. Estou esperando que o prefeito venha hoje”, disse João Dantas. O prefeito Romero Rodrigues não esteve no café da manhã que abriu a programação do sítio, mas ligou para o coordenador do projeto para justificar a ausência.

Público só no São João

Há alguns anos se tenta fazer do Sítio São João um espaço de funcionamento permanente – e não apenas no período junino. Mas a ausência de público inviabiliza isso.

“Nós não encontramos ainda um modelo que faça com que a população de Campina permaneça na cidade no período de veraneio, no Natal, no Ano Novo, na Semana Santa… em resumo: passado o São João, o sanfoneiro coloca sua sanfona na caixa, ninguém quer saber se São João fora de época. Todos viajam para Pitimbu, Tibau, Porto de Galinhas, Canoa Quebrada, e você fica sem pública para fazer qualquer evento em Campina Grande”, desabafa João Dantas.

Em 2015 quase foi para Recife

João Dantas revelou que, em 2015, quando o Sítio São João foi montado no terreno onde está atualmente, no bairro do Catolé, havia uma proposta de deslocar o museu para o Recife.

“O Sítio São João só aconteceu em 2015 porque faltando 45 dias apareceu esse terreno. Mas não iria ter. Havia um convite para ele ser montado em Recife. Surgiu o terreno e montamos nesse curto tempo, foi um pelotão de choque aqui dentro para colocar isso pra funcionar em 45 dias. Eu diria que o fator sorte colaborou muito com a cidade”, conta.

O sítio é a réplica cenográfica de uma pequena comunidade do interior nordestino: tem duas igrejas, casa de farinha, difusora, budega, quatro engenhos, tipografia, casa de ferreiro.

O museu, segundo João Dantas, é uma obra inacabada, porque não foi montado totalmente como o planejado. “Ainda existe 11 equipamentos para serem montados, entre eles o Museu do Cangaço (214 peças), bulandeira de algodão, museu do ciclo do couro e outros elementos que não tivemos condições de fazer”.

O criador do sítio diz que 2017 será o divisor de águas para o espaço: “Ele poderá ser montado no ano que vem, ou não”. Dantas diz que as autoridades mais destacadas de Campina Grande têm conhecimento da grandiosidade do projeto e sabem o que é preciso para implantá-lo.

Programação deste ano

Nesta quinta-feira (1), um café da manhã abriu oficialmente o Sítio São João para a temporada junina. Trios de forró, repentistas, emboladores de coco, banda de pífano e artistas da expressão popular nordestina se apresentarão diariamente no local, que ficará aberto das 11h à meia-noite. Os ingressos devem variar de R$ 5, R$ 10 e R$ 20.

Desprestigiado financeiramente, o sítio foi lembrado quando marcou o café da manhã e gerou mídia. A imprensa compareceu em peso, assim como autoridades, a exemplo do vice-prefeito Enivaldo Ribeiro e o secretário de Cultura, Jóia Germano.

 

(Snides Caldas e José Carlos dos Anjos Wallach)