Tem Filosofino e Severino Ayres com novidades

Música - 5, janeiro, 2022

No início de dezembro/21, dois artistas paraibanos lançaram novos trabalhos e, embora tenhamos recebido material de divulgação, não o fizemos. Então, agora, estamos fazendo o que deveríamos ter feito há um mês: dar força e visibilidade à arte criada entre os nossos, da Paraíba.

Um desses artista é Filosofino, que pôs na praça o EP ‘Espaço Justo – 2º Ato’ fechando o ciclo iniciado em 2019. O disco fala sobre afirmação racial e também sobre a dificuldade de um corpo negro ocupar um espaço com justiça na sociedade. “Espaço Justo – 2º Ato” está disponível em todas as plataformas digitais de música.

Ouça “Espaço Justo – 2º Ato” no Spotify

O trabalho completa o disco ‘Espaço Justo’, cujo primeiro ato foi lançado em 2019. “A idéia é falar de raça em uma sociedade excludente e, para isso, convidei vários artistas independentes a imergir em uma fusão experimental de poesia falada, rap, rock progressivo e jazz, com letras que passeiam entre temas de amor, justiça social e saúde mental”, diz Filosofino.

O cantor assume a maior parte das composições e vozes e Daniel Jesi (BigJesi) é responsável pela maioria das bases. A flautista Mari Santana também atuou nas canções com flauta e vozes de apoio.

Participações

Entre as participações especiais estão os MCs Piloto, na faixa “Agora é Tarde, Inês é Morta”, e Karkará Karirí, em “Reload”; o músico Riegulate, que contribuiu com beats das faixas “Reload” e “Toque”; Matteo Ciacchi, que assina parte do beat de “1/4 de Fúria”, que tem ainda letra em co-participação com Arthur Pessoa (da Cabruêra); Yves Fernandes e Ana Morena (baterista e baixista da Camarones Orquestra Guitarrística), que gravaram instrumentos para “Manifesto dos Cantos”, segunda melhor canção do 3º Festival de Música da Paraíba; e Guirraiz, que fez os efeitos sonoros em “O Amor é Perigoso”.

“Espaço Justo – 2º Ato” foi dirigido por Daniel Jesi, Riegulate e Matteo Ciacchi e o produtor paraibano Guirraiz assina a mix e master. O disco foi lançado pelo selo DoSol (RN) em parceria com o estúdio de produção criativa BBS (João Pessoa).

“O disco completo, 1º e 2º ato, foi formado ao longo de dois anos. A pandemia nem era uma realidade quando começamos a criar e, sempre com experimentos, fomos testando bases que surgiam com nosso convívio no BBS. Com a pandemia, mudamos o formato de encontros e conseguimos chegar a um estilo de banda, o que fez a gente mudar alguns caminhos e essa segunda parte é o retrato sonoro deste cruzamento de beats, poesia, hip hop, jazz e flauta”, completa Daniel Jesi.

O EP “Espaço Justo – 2º Ato” foi produzido com recursos da Lei Aldir Blanc, por meio da Secretaria Especial de Cultura do Ministério do Turismo do Governo Federal, e também do Fundo Municipal de Cultura, através da Fundação Cultural de João Pessoa (Funjope) da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP).

Filosofino

O Filosofino é um projeto multimídia criado em 2018 pelo cantor, compositor, poeta, ilustrador e tatuador Caetano dos Santos, e que desde 2019 produz em parceria com Mari Santana e Daniel Jesi. O projeto mistura poesia falada, desenhos, tatuagens e música, desenvolvendo canções com narrativas do cotidiano e reflexões pessoais de um jovem artista negro que vive na periferia da capital paraibana.

Caetano dos Santos

Caetano é um poeta marginal, tatuador independente e artista visual periférico. Nascido e residente em João Pessoa, criado no bairro de Mangabeira, incorporou ao seu estilo de vida uma identidade cultural dos movimentos de rua. Começou a escrever poesia e música na adolescência, mas só veio a desenvolver o alinhamento com o rap, onde encontrou suas raízes da identidade afro.

“Folk regional com linhagem celta”

Assim Severino Ayres define o gênero de seu novo single, lançado em 5 de dezembro passado. Para simplificar a definição, basta ter em mente três nomes: Zé Ramalho, Belchior e Vital. A música ‘Um Espinho Cravado no Meu Coração’ chegou às plataformas digitais no dia 10, juntamente com um clipe de animação feito por Pedro Sarmento.

A nova música é, na verdade, uma versão traduzida de uma canção que faz parte do repertório de Severino desde 2019 (Trapped in Our Bones). Agora em português, a balada progressiva aborda a liberdade versos os caminhos de submissão. A faixa tem as participações de Marcos Rosa (violões), Almir César (bateria), Costinha (flauta), Fábio Giovani (sanfona) e Marcelo Macedo (guitarras).

O designer e animador Pedro Sarmento é quem assina a direção e execução do clipe, com estilo inspirado em xilogravuras.

“No início, pensamos em fazer um clipe literal seguindo a letra, demonstrando símbolos que aparecem na letra. Depois, em consenso, resolvemos trazer uma história paralela que apresentasse a história da letra, ou seja, o amor, proteção que ao mesmo tempo quer dominar e restringir a liberdade”.

Com argumento e roteiro de Severino Ayres e Pedro Sarmento, o vídeo ainda traz a tipografia e símbolos armoriais como influências estéticas. “Desde a raiz até o desabrochar da árvore, a cerca ao redor de espinhos, a corrente… Tudo tenta levar a mensagem através das imagens”, explicou Severino.

Severino lançará no primeiro semestre de 2022 o EP ‘Olha pro Céu’. O extended play, gravado em 2020, foi dirigido pelo guitarrista e produtor Paulo Rafael, consagrado músico pernambucano que faleceu em agosto deste ano.

Severino

Nascido em Patos, sertão da Paraíba, o cantor e compositor Severino Ayres imerge sua arte num mundo de referências que une o folk-rock progressivo dos anos 70 à multifacetada música nordestina.

Fascinado por cinema e música desde a infância, Severino montou a primeira banda na adolescência, ao final do boom do Rock Brasil dos anos 80. Em 2013, se junta a dois amigos para formar a FOXES AND RABBITS. Nos vocais e guitarra da banda, o paraibano se volta agora totalmente ao trabalho autoral.

Como artista solo, Severino tem dois álbuns lançados, “Before We Shrink” (2017) e o “Grown Up Emancipation”, este incluído na lista dos 10 melhores de 2019 do blog potiguar O Inimigo.