Três dias para ver o grandioso ‘Baile do Menino Deus’, no Marco Zero

Três dias para ver o grandioso ‘Baile do Menino Deus’, no Marco Zero

Eventos - 23, dezembro, 2019

 

O ‘Baile do Menino Deus – uma brincadeira de Natal’ é atualmente o grande auto natalino de Recife. O espetáculo existe há 36 anos, mas há 16 é apresentado gratuitamente em cenário montado na Praça do Marco Zero, na zona portuária de Recife.

Com cerca de duas horas de duração, o espetáculo este ano fará três apresentações, nas noites destas segunda, terça e quarta-feira (23, 24 e 25). A organização calcula que a dramatização musical atraia em torno de 70 mil pessoas nesses três, tomando por base o que se viu nos últimos anos.

Já tradicional e incorporada ao calendário de eventos natalinos da cidade, o ‘Baile do Menino Deus’ traz novidades a cada montagem. Para esta 36ª edição, uma das surpresas será a estreia do Bongar, grupo de percussionistas e cantores do terreiro Xambá, que apresentará um percussionista de apenas cinco anos, o Guilherme, um talento precoce. O grupo participará na peça dos Santos Reis.

Também subirá ao palco o cantor Carlos Filho que interpretará a música ‘Ciganinha’. O corpo de baile, composto por 11 bailarinos, está renovado, bem como o figurino e a cenografia. (Veja vídeo com ensaio)

“Para nós, da cultura negra, estar presente no ‘Baile’ é muito simbólico e desafiador. E estamos levando conosco Guilherme, uma criança de apenas 5 anos, que toca os tambores da Xambá com muita propriedade, responsabilidade e respeito. Vai ser um momento lindo”, disse Guitinho de Xambá, integrante do grupo originado em Olinda (Quilombo Urbano do Portão do Gelo).

Expressão popular

Ao longo dos seus 36 anos, a peça vem incorporando mais elementos da linguagem popular nacional na celebração do Natal, reunindo música, canto, literatura e memória. “A ressignificação que o Baile promove à data aproxima o público ainda mais da celebração”, avalia o texto de divulgação do espetáculo.

Carlos Filho, que em neste ano terá um novo papel ao cantar o solo da ‘Cigana’, ressalta a importância do evento para Recife e também para o desenvolvimento pessoal e convívio dos artistas: “A grande importância do Baile é sua potência de atingir um público de todas as idades e proporcionar o acesso a um espetáculo ao ar livre, num espaço público tão simbólico para o Recife. Internamente, o Baile também funciona como uma grande ‘companhia’ que seleciona artistas de diversas áreas. É bem rico esse convívio, mesmo que provisório, com parceiros tão diversos que, apesar de morarem na mesma cidade/região, não têm uma outra boa oportunidade de fazer arte juntos”.

“Eu venho do universo da música, e ter que dialogar com dança e teatro me coloca numa zona de fricção desconfortável, mas muito instigante. Tanto que ando bem viciado nisso de querer estar nesse lugar o tempo inteiro. Eu atuo em mais de um personagem, ora masculino (anjo), ora feminino (pastora), ora bicho (borboleta) e agora a novidade da cigana/cigano. Tudo isso tem me exposto de uma forma que só com o tempo terei precisão para avaliar o crescimento. A sensação é que o Baile aqui não termina, o Baile aqui principia. Sempre”, completou Carlos Filho.

Para a construção de seu novo personagem, o artista está em pleno processo de criação: “Farei um cigano/cigana que canta uma música belíssima. Me apaixonei desde o momento que eu a ouvi. Estou em processo de desenvolvimento com Ronaldo para encontrar, no palco

o sentido desta criatura, respeitando o texto, mas revelando ao público algo novo, como acontece a cada ano”.

Silvério em quatro atos

Dentre os solos da peça, outro destaque será Silvério Pessoa, que estará em quatro atos. Há anos ele integra a rede de artistas do Baile: “Me sinto feliz e orgulhoso por fazer parte desta grande montagem, desta superestrutura e, ao mesmo tempo, por fortalecer e representar essa história lírica, milenar, que emociona”.

Sobre fazer parte do evento há tantos anos, ele pontua: “É uma grande responsabilidade, convivemos com músicos eruditos dialogando com o popular, não deixa de ser uma experiência emocional, tem que estar bem para passar a emoção que o Baile exige, no sentido de ser algo marcante nas vidas das pessoas”.

Coro infantil 

O dramaturgo Ronaldo Correia de Brito destaca o coro infantil deste ano, dizendo que talvez seja o melhor que já tiveram. Depois de tantas histórias e montagens, Brito acredita que, apesar do ‘Baile’ ter se atualizado bastante nos últimos dois anos, sempre houve respeito para que não se afaste da sua dramaturgia original, que lhe dá unidade.

Colcha de retalho cultural

Esta observação é corroborada por Leda Alves, secretária de Cultura de Recife: “Este é o milagre da encenação. A coordenação geral de Carla Valença, da Relicário Produções, transformou o Baile no acontecimento mais importante das festas natalinas do Recife. Como linguagem cênica, não existe nada comparável a este espetáculo, pois trata-se da mescla de várias culturas do nosso estado, numa força única de Pernambuco. Podemos ser vistos por qualquer público, em qualquer espaço do mundo. Pela qualidade de encenação que alcançamos, ganhamos reconhecimento e, hoje, pessoas dos mais diversos lugares do país e do mundo vêm ao Recife assistir ao Baile. Ainda assim, precisamos de um investimento maior para atrair mais turistas, como acontece no Carnaval e na festa de São João. Estamos na campanha e na luta por isso”, finaliza.

Criadores

Baile do Menino Deus é um auto de Natal escrito por Ronaldo Correia de Brito e Francisco Assis Lima, com músicas de Antônio Madureira. Foi encenada pela primeira vez no dia 12 de novembro de 1983, no Teatro Valdemar de Oliveira, em Recife.

Serviço:

23, 24 e 25/12  |  20h  |  Praça do Marco Zero  |  Recife-PE  |  Gratuito e classificação livre

Mais informações sobre o evento, clique aqui

 

(Da Redação, com informações da produção do evento)