Amor pela música, tradição, criatividade, inovação. É da mistura desses ingredientes que a banda Tuareg’s se mantém nos palcos e conquistou uma legião de fãs pelo Brasil afora, especialmente no Nordeste e na capital paraibana João Pessoa, onde surgiu o grupo, na década de 70. Uma festa que já dura 45 anos.
Foram milhares de bailes, formaturas, casamentos, confraternizações, festas de clubes, colégios, empresas e “assustados”, que marcaram a memória e o coração de muitos paraibanos.
Mas, qual o segredo para se manter durante tanto tempo nos palcos e no cenário musical, sem perder o estilo?
“É preciso ser um pouco louco e amar o que faz”, resume o músico e compositor Roberto Dias, líder da Tuareg’s, único integrante da formação inicial da banda.
Paixão pela banda ultrapassa gerações
O grupo já celebrou o amor e a união em centenas de casamentos, já festejou a vitória de muitos jovens em bailes de formatura e, hoje, ainda faz uma média de três shows por semana.
“Você bem sabe, que eu não te prometi um mar de rosas…”. Canções como esta estão na memória de muitos fãs. Famílias inteiras acompanham a trajetória da banda. É o caso da família Pontes, que já tem três gerações que curtem a Tuareg’s.
“Acompanho a banda desde o início, há 45 anos, por causa do meu pai, que também gostava muito. Na época, a Tuareg’s tocava na Marambaia, em Jaguaribe, churrascaria e boate daqui de João Pessoa”, relembra a pedagoga Lourdes Pontes, enquanto acompanhava um show especial do grupo, no bar Máquina Beer, junto com o marido, João e o filho Vitor.
“Curto desde a infância”
“Curto a banda Tuareg’s desde a minha infância. Eles ensaiavam na rua onde eu morava, em Jaguaribe, e um de seus integrantes, o baterista Júnior, estudava violino no Conservatório de Música Antenor Navarro, onde eu tentava aprender a tocar violão. Passei anos visitando o estúdio da banda, assistindo aos ensaios para shows e apresentações. Roberto já era líder no vocal e na guitarra base”, afirma o jornalista e advogado Luiz Carlos Nascimento Sousa.
Ele conta que a banda interpretava MPB. Cantava de Roberto Carlos a Renato e seus Blue Caps e a garotada toda que ouvia os preparativos do grupo acompanhava os sucessos da época.
Grupo influenciou jovens
“A Tuareg’s inspirou muita gente a tocar guitarra, baixo, órgão e bateria, instrumentos que, juntos, formavam a composição básica de um conjunto. Em todo o Estado, jovens se uniam para, inspirados nos Tuareg’s, criarem bandas, sonhando com as paradas de sucesso”, conta o jornalista Luiz Carlos Sousa.
Para ele, a banda resiste hoje por causa do seu líder, Roberto Dias. “Ele leva sua voz e sua música a bailes, abrindo shows, animando festividades. Enfim, na mesma tocada que uniu aqueles jovens músicos no passado no sonho de tocar como os Beatles e Rolling Stones, Roberto mostra que o sonho não acabou e que os Tuareg’s são uma lenda viva, uma tradição que saiu de Jaguaribe para animar os corações de todas as idades que acreditam na boa música e no romantismo. Valeu apostar na guitarra elétrica para unir jovens que acreditavam na música como um ideal”, conclui o jornalista.
Banda acompanhou mudanças culturais
A história da Tuareg’s começou em outubro de 1970, no tempo da moda de cabelos longos e calças bocas de sino. Fazia muito sucesso cantando músicas dos ídolos da época. Foi nesse embalo, vestindo-se dentro do estilo da moda, que a banda empolgou toda uma geração. Assim surgiram os Tuareg’s.
O grupo emergiu e alcançou o sucesso. Em 1980, lançou seu primeiro LP, intitulado “Uma realidade”. Já em meados de 1990, a banda lançou o segundo LP, quando estourou nas paradas de sucesso com as músicas “Perdoa Amor” e “Ave Maria no Morro”, pedidas até hoje em seus shows.
A primeira formação da banda, com Roberto, seus irmãos e sua esposa Rita durou 14 anos. Aproximadamente 50 músicos já passaram pelo grupo. Atualmente é formado por seis integrantes. Com um estilo singular de tocar e encantar o público, a banda acompanhou mudanças culturais na sociedade.
“Nosso grande filão é tocar em bailes, pop-rock, músicas nacionais e internacionais. Tocamos Rihanna, eletro dance. As pessoas curtem”, comenta o líder do grupo.
Aos 62 anos, Roberto Dias faz parte da história das festas de clubes e bailes da capital paraibana. “As relações mudaram. A gente observa que não existe mais aquele romantismo de antigamente. Nas festas, os rapazes chamavam as moças para dançar e havia o maior respeito. Mas hoje, não se dança mais como antes e nem com tanto carinho”, observou Roberto Dias.
“Comecei a tocar com 14 anos”
O líder da Tuareg’s revela que começou a tocar quando era adolescente, em casas de prostituição de João Pessoa.
“Comecei a tocar com 14 anos, nos cabarés da Maciel Pinheiro. Meu tio era fiscal de menor e sempre aparecia por lá. Então, eu tocava escondido, por trás da cortina. Mas, o mais interessante é que, antigamente, havia mais respeito nos cabarés do que em muitos lugares de hoje. Se um homem beijasse a garota de programa no salão era logo chamado a atenção”, conta Roberto Dias.
União no palco e no amor
Se no palco e na trajetória da Tuareg’s existe uma grande harmonia e cumplicidade, no amor, a música uniu ainda mais Roberto e Rita Dias. “São 45 anos da banda e 41 anos de casados. A vida da gente é uma aventura muito bonita. A gente faz por amor”, revela Rita, acrescentando que, dessa ‘união musical’, brotaram cinco filhos.
“Fui vocalista da banda durante 15 anos. Como nunca paramos de fazer shows, meus filhos dormiam embaixo da bateria. É muito mágico estar no palco. Só parei de cantar para empresariar a banda”, conta Rita Dias.
Para ela, Tuareg’s é sinônimo de família. “Geralmente nas quintas-feiras, a gente reúne os amigos aqui no Máquina Beer e Roberto toca o repertório que gosta”, acrescenta.
Nova cara sem perder a essência
Aos 45 anos, a Tuareg’s aparece com uma nova roupagem, mas sem perder a essência. Ela continua presenteando o cenário musical nordestino com sua alegria contagiante. Com um repertório diversificado e estilo próprio, o grupo toca todos os ritmos, como samba, forró, pop-rock, axé, discoteca e sucessos atuais.
É dessa simplicidade, tradição e autenticidade que faz da Tuareg’s praticamente um ‘patrimônio’ de João Pessoa.
Músicos, amigos da banda e uma legião de fãs ajudam a mostrar que a vida pode ser uma grande festa, com momentos para festejar: a vida, as conquistas, as amizades, o amor.
Por Henriqueta Santiago