Turismo de experiência: a força da vida real que atrai o visitante

Turismo de experiência: a força da vida real que atrai o visitante

Mercado da Festa - 10, novembro, 2015

O blog conheceu Maria Auxiliadora da Silva, uma simpática senhora do município de Ingá, a quem todos chamam de dona Lia, que faz tapioca e cuscuz e os vende para sobreviver.

É uma batalhadora, como se costuma dizer, e as dificuldades que a vida lhe impôs não tiraram dela a capacidade de achar soluções e seguir. Tanto que criou duas filhas com essa renda e agora encaminha o neto.

Essa é uma história comum Brasil a fora mas, no caso da dona Lia, consultores do Sebrae-PB conseguiram vislumbrar um futuro melhor para ela e para o turismo no Estado.

As deliciosas iguarias da cidadã cozinheira, o modo de preparo, o cotidiano da comunidade em que está inserida, e a própria história de vida da dona Lia transformaram-se em elementos do turismo de experiência, uma modalidade que vem crescendo a passos largos no Brasil e, na Paraíba, tem demonstrado ser muito forte.

Dona Lia, observada pelos consultores, entrou na lista de apontamentos pesquisados para a cadeia desse crescente modelo turístico, em que se busca um tipo de visitante que associa o foco da visita – no caso de Ingá, as inscrições rupestres fixadas a milhares de anos numa pedra numa grande pedra – à experiência vivida junto à comunidade.

Esse é o objetivo do programa que vem sendo desenvolvido há algum tempo pelo Sebrae. O órgão contratou os consultores Miram Rocha e Carlos Almeida, que fazem as pesquisas nas cidades, um trabalho de ‘formiguinha’ em que são listados os produtos potencialmente turísticos. Quando não, eles dão ideias, ajudam com informação e mobilizam pessoas interessadas.

O trabalho foi desenvolvido em 14 municípios do Litoral, Brejo e Agreste outros quatro serão incluídos.

 

Emprego e renda

A renda varia muito com a atividade e a localidade, mas já é possível mensurar o impacto na oferta de empregos. De acordo com o Sebrae, cada atividade criativa com foco na produção associada ao turismo gera, em média, quatro empregos.

Hoje, são 140 atividades definidas, totalizando 560 empregos. Até dezembro, serão 200 atividades, elevando a oferta para 800 empregos.

O turismo de experiência é aquele onde o visitante se incorpora ao passeio, vivenciando as atividades: Tentar fazer a renda labirinto, degustar doces caseiros na hora que estão sendo feitos e compreender esse processo, ou viver o cotidiano de uma comunidade quilombola, com sua comida, cultura e costumes.

A Paraíba segue rapidamente essa tendência, diz Regina Medeiros Amorim, gestora de turismo do Sebrae-PB.

 

Missão: conhecer

Além do Memorial do Cuscuz Tapioca na Lenha, da dona Lia, uma visita técnica organizada pelo Sebrae levou profissionais de imprensa a outras atividades que estão mergulhando nessa nova formatação turística: artesãos, rendeiras, um fabricante de doces caseiros, atores de teatro, músico e uma comunidade quilombola apresentaram suas habilidades.

 

Retalhos da Tetel

Em sua casa no Centro de Ingá, Tetel enche de retalhos a varanda e elabora peças de artesanato. Isso acompanhado com bolo, café, leite e canela. Os visitantes se encantam com o colorido da arte produzida ali e se deliciam da comida caseira, ao mesmo tempo que assiste a artesã dar formas às duas ideias. Quem quiser também pode tentar fazer suas peças, curtir a experiência.

Há dois anos trabalhando com apoio do Sebrae, Creosvalda Silva Araújo (Tetel) leva suas peças a feitas de artesanato, onde tem boa receptividade. A filha Sílvia também participa da produção de patchwork.

 

Canos de PVC

Quem vê as luminárias criadas por Verinha não percebe imediatamente qual o material usado. A beleza das cores comufla muito bem a rusticidade da matéria prima: canos usados de PVC que, com criatividade e destreza, são transformado em peças cada vez mais procuradas.

Na Raio de Luz Luminárias, Maria Verônica Claudino decora suas peças com imagens devocionais e também motivos que remetem à principal atração turística da região, o sítio arquológico Pedra de Ingá. Ela usa uma pequena broca para desenhar formas no cano.

 

Teatro e quilombo

Em Alagoa Grande, o teatro de rua é usado como plataforma para mostrar a história da cidade que é culturalmente uma das mais influentes da região. O ator paulista Thiago, acompanhado de um trio pé de serra (zabumba, triângulo e sanfona) realiza o ‘Passeio Cultural Noturno’, que percorre praça e ruas, relembrando e descrevendo passagens históricas e figuras importantes, como Jackson do Pandeiro, filho mais ilustre dessa terra.

Outro forte produto turístico da região é o Quilombo Caiana dos Crioulos, onde a comunidade negra preserva muito da sua história: danças, artesanato, culinária e autoestima.

No topo de um monte, o quilombo oferece um visual único da região, e de lá o visitante tem diversas opções de trilhas. Além disso, pode vivenciar o cotidiano da comunidade e conhecer o tradicional artesanato que tem como base a fibra da bananeira. (Por José Carlos dos Anjos Wallach)

 

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