O melhor da aventura no Lajedo do Marinho é saber observar

O melhor da aventura no Lajedo do Marinho é saber observar

Turismo - 24, outubro, 2016

 

Ir ao Lajedo do Marinho é se decidir pela aventura. Aceitar um passeio que impõe alguns esforços e requer muita observação.

O ponto principal desse recentíssimo produto tocado pela própria comunidade dentro do princípio de turismo de vivência é um imenso lajedo situado a 528 metros acima do nível do mar.

Lá, os nativos criaram uma área de camping em que se pode alugar barracas (ou levar a própria), onde a estrutura de banheiros e pontos de eletricidade não interferem em nada no ambiente natural à disposição do visitante.

É aí que entra a parte principal desse produto turístico: ele não acontece por si só, o próprio visitante tem que participar desse clima para que o lajedo se mostre em sua plenitude. Então as trilhas criadas (outras ainda estão sendo planejadas) fazem a diferença.

Guias locais levam grupos para caminhadas curtas e longas por entre a vegetação do cariri, montes e pedras. É possível observar animais (pequenos roedores principalmente) e conhecer espécies curiosas da flora, muito embora, após cinco anos de seca severa, essa região, que é a mais seca do Nordeste, seja dominada pelo acinzentado.

Os passeios são múltiplos e, de preferência, devem ser feitos logo nas primeiras horas da manhã, aproveitando o sol frio, ou à noite (nesse caso, a presença do guia e de equipamentos e roupas adequadas são indispensáveis).

No tópico alimentação, há duas opções: levar a comida e improvisar tudo em fogareiro de lenha na área do acampamento, ou encomendar na comunidade local. A segunda alternativa é a mais indicada porque degustar a alimentação caseira e muito gostosa dessas cozinheiras do interior completa a experiência turística.

Optamos pela encomenda e uma das donas de casa da comunidade, carinhosamente apelidada de Coração, fez nossa comida com amor. Vale à pena.

Churrasco à noite

Essa é uma das melhores pedidas para o passeio: reunir os amigos ou a família num ‘churras’ bacana. Os bicos de energia elétrica permitem a colocação de lâmpadas, o que garante a comodidade na preparação da festa, mas elas podem ser desligadas para uma observação mais completa do estrelado céu do cariri.

Em noites de lua cheia, o camping noturno tem sido muito procurado por grupos de aventureiros da Paraíba e Estados vizinhos, contam Nadilson, Francisco e Aluisio, moradores do povoado do Marinho, que formataram o produto Lajedo do Marinho.

“Na primeira noite do período de lua cheia, de cima do lajedo a gente observa, ao mesmo tempo o por do sol e o nascer da lua. É muito bonito e muita gente vem ver”, garante Nadilson.

É preciso levar roupa de frio. Embora durante o dia a temperatura seja causticante, com o cair da tarde e chegando a noite, o termômetro cai. Nos meses de junho e julho, segundo Nadilson, registra-se até 16 graus. Dormir em barracas nessas condições requer agasalhos.

As crocheteiras

Mulheres da comunidade que dominam a arte do crochê dão nome a outro item do turismo de experiência na região: são as crocheteiras do Marinho. Usando linhas coloridas de algodão, elas fazem arte em mantas, tapetes, almofadas, bolsas, guardanapos e muitos outros itens de uso em casa ou como vestimenta.

Há peças que custam R$ 10, mas há aquelas de até R$ 2,5 mil, como é o caso de um colcha, que leva até 10 dias para ficar pronta.

Assim como o camping, as trilhas e a comida artesanal da comunidade, as crocheteiras encontraram o caminho para fazer renda com os recursos intelectuais da própria comunidade.

Foi uma consultoria do Sebrae que mostrou à comunidade a ideia do turismo de experiência e o portencial existente na área. Os consultores ajudaram os moradores a identificarem os tópicos para a montagem do produto turístico e deram a orientação para que eles tocassem o negócio. Está dando certo.

Onde

Um vilarejo no meio da vegetação ressecada, serras e pedras gigantescas, o Marinho é um núcleo isolado dentro do município de Boqueirão, que fica a 174 km de João Pessoa.

O que se destaca na parte mais urbanizada dessa vila é a praça central, em torno da qual estão as casas que abrigam cerca de 126 famílias, algo em torno de 800 pessoas.

Para ir

O visitante sai de Campina Grande pela BR 104 com destino a Queimadas, onde entra à esquerda pela PB 148 até Boqueirão (esse percurso é de pouco mais de 30 km). Boqueirão conta com pousadas e restaurantes.

Até a comunidade do Marinho, a viagem segue por mais aproximadamente dez 10km em estrada de barro, partindo do balde do Açude Epitácio Pessoa.

Os preços no camping

R$ 10 (por pessoa)

R$ 15 (aluguel de barraca

R$ 6 (visitação)

(*) Os Condutores Turísticos do Lajedo ficam numa casa ao lado do portão de entrada para o Lajedo, fácil de localizar ao chegar na praça principal do povoado. Os contatos são: Nadilson (83) 99125.9210 / Sula (83) 3391.7019

 

(José Carlos dos Anjos Wallach)