Vaquejada foi ‘estouro da boiada’ e mostrou que não há controle, nem fiscalização para eventos

Vaquejada foi ‘estouro da boiada’ e mostrou que não há controle, nem fiscalização para eventos

Eventos - 23, novembro, 2021

Enquanto o vizinho Pernambuco afirma que não há índice que considere segura a realização do Carnaval de 2022, na Paraíba, uma vaquejada realizada na cidade de São Miguel de Taipu nos últimos sábado e domingo (20 e 21/11) mostrou que, embora um decreto estadual flexibilize a realização de shows e estabeleça regras para o acesso a eles, não há controle sem fiscalização e punição.

Os empresários da área estão pouco se lixando com a segurança sanitária, aguardaram apenas a flexibilização para abrir a porteira para a boiada passar, e estragar tudo o que foi conseguido até agora com milhares de mortes, vacinação e luta contra negacionismo.

Além da desorganização total do evento, a vaquejada foi uma ilustração do que nos espera nos eventos que começam a ganhar estímulo através da flexibilização, mesmo diante de uma pandemia que não se encerrou, embora tenha melhorado os números em relação a infecção da população e reduzido mortes.

Se se repetir o modelo do Parque Bemais nos programados shows de verão da orla de Cabedelo, o que veremos será a retomada de uma reinfecção pelo coronavírus – que está presente preponderantemente na PB em sua versão Delta – uma situação que ninguém quer.

Terra sem lei

A Vaquejada do Parque Bemais prometeu aos compradores de ingresso cinco atrações, mas apenas quatro tocaram, porque a coordenação do evento propôs aos artistas uma inversão na ordem de apresentação.

O cantor João Gomes, que seria o último, passou a ser o terceiro, no lugar de Tarcízio do Acordeon, mudança que teria sido sugerida pela Polícia Militar.

Nessa mudança, o artista Vitor Fernandes, que seria o segundo a se apresentar, foi o último a subir no palco.

Imagem retirada de vídeo publicado na rede Tik Tok

A estratégia da mudança de ordem nas apresentações seria uma forma de reduzir o público à medida que as principais atrações fossem se apresentando, o que tornaria o local mesnos perigoso e de mais fácil controle.

A questão é que o acordo seria um evento com 30% por cento da capacidade, mas é ódvio que nunguém quis comprir a regra e, como diria a linguagem popular, “venderam ingresso com força”,

As filas era tão longas que as pessoas tiveram que caminha cerca de 2km entre a estrada de acesso ao local até a entrada do parque. Filas de mais de uma hora para comprar água e nenhum controle sobre uso de máscaras. Ninguém as usou.

Danieze: “Fui humilhada”

A cantora Danieze Santiago não se apresentou, e disse que se sentiu humilhada pelos organizadores do evento. Em sua conta no Instagram, a artista revelou que teve que andar  4km, com sua equipe, e pegou carona para chegar o mais perto possível do evento.

Como ela, o público sofreu o mesmo infortúnio, também experimentado pela principal atração, João Gomes, que teve de pegar uma carona de moto para chegar ao local do show, e Vitor Fernandes, que também chegou a pé.

Ela disse que percebeu que o atraso do evento motivaria corte nas apresentaçõs. “A essa altura eu já sabia que alguma banda não iria tocar. Só não imaginava que eu seria a sorteada”, lamentou.

“Me senti na obrigação de subir no palco e explicar o ocorrido, pois eu sempre saio como a errada, pois nunca me deixam tomar a posição, mas dessa vez não. Já chega de querer pisar nas mulheres. Eu mereço respeito. Eu também tenho família. Foi o primeiro show da vida que minha mãe foi e aconteceu isso”, escreveu Danieze no Instagram.

Empresa ataca Danieze, mas silencia sobre desorganização

No início da tarde dessa segunda-feira (22), a Organização da Vaqueja Bemais divulgou nota, que centrou o discurso na reação da artista Danieze Santiago e ignorou totalmente as reações nas redes sociais mostrando a desorganização e a falta de controle sanitário no evento.

Leia a nota:

Preliminarmente informamos que a Empresa realizou todos os compromissos com a Cantora DANIEZE SANTIAGO e com os demais contratados. Com relação ao evento, diante das inconstâncias ocorridas com horários da programação do evento, foi apresentada a Cantora a proposta para que o cantor JOÃO GOMES (atração principal) iniciasse o show antes da cantora, tendo em vista o alerta feito pela Polícia, no sentido de que, havendo o show do cantor João Gomes haveria MAIOR DISPERSÃO DO PÚBLICO. Neste particular aspecto, A CANTORA DANIEZE SANTIAGO SE RECUSOU A TOCAR NO HORÁRIO SUGERIDO! ALEGANDO QUE NÃO TERIA PÚBLICO SUFICIENTE, tendo posteriormente publicado vídeos e outros meios para polemizar o evento”.

“Nós que fazemos a Planeta Promo lamentamos esse tipo de polêmica e politização, uma vez que a empresa buscou todos os meios de solução, para o sucesso do evento, as palavras proferidas pela cantora Danieze Santiago não condizem com a realidade, visto que a cantora desde o início da sua carreira realizou inúmeros shows conosco, e sempre tivemos uma conduta irreparável, tanto quanto aos cumprimentos das obrigações, como o respeito para com os homens e as mulheres artistas, infelizmente atrasos acontecem”.

“Acreditamos que o comentário irresponsável da artista poderia ter causado maiores transtornos, tendo em vista o tamanho do público, ficando assim o alerta, para que em momentos de dificuldades, possamos sempre nos unir e colaborar para a segurança do nosso público, e jamais tentar incendiar discórdia. Estamos sempre à disposição para quaisquer esclarecimentos, ao tempo, que agradecemos a todos que indistintamente cooperaram para a realização do evento”.

Planeta Promo

(Por José Carlos dos Anjos Wallach)